Eu discordo totalmente. Não acho a natureza perfeita em nada. Pra começar vou citar as relações predatórias: Os mamíferos por exemplo, são dotados de sistema nervoso e sentem dor, quando um leão come uma zebra ele a dilacera e ela sente ser corpo ser mutilado. É "necessário" que isso ocorra para haver equilíbrio ambiental mas à custa de várias vidas animais perdidas, onde o mais forte sobrevive. A natureza é agressiva e violenta e as relações predatórias só confirmam esse fato. Não há espaço para fraqueza.
Esse lance que vc falou é resultado de milhares de anos de experiência e realmente é uma defesa, mas foi a custo de muitas mortes, dor e sofrimento que atingimos esse "radar". Até nas relações humanas isso é perpetuado.
Por mais que esse ciclo mantenha a planeta ele não é necessariamente belo ou correto (na minha opinião). Acho as doenças, má-formações, decomposição, secreções escatológicas tudo uma prova que o ser humano e a vida são um lixo. Com certeza, haveria milhões de maneiras diferentes de criar um design diferenciado que não envolvesse odores pútridos, mortes, secreções, e deformação corporal. Só o fato de existir pessoas bonitas e pessoas feias já prova o quão patético e injusto é o mundo.
Mas como pode o mundo não ser perfeito? Aliás, qual seria a alternativa? Se o mundo, universo, realidade, pudesse ser diferente, por que, então, ele não é? O que faz ele ser como é?
Tudo é como é, porque só assim poderia ser. E assim ele é pleno, pois existe, e funciona, dirigido por leis fundamentalmente absolutas. Não poderia haver vida sem dor, nem mundo sem vida. Não poderia ser azul o vermelho, pois se pudesse, assim seria. E assim é o universo, pois só assim pode ser. Se pudesse ser diferente, seria. Todas as condições necessárias para o universo existir são satisfeitas, caso contrário, não existiria. Como existe, é pleno, e perfeito.
A experiência de vida é o vetor resultante de todas as forças, é a solução da função consciência.
A beleza está em você ver o horror. Você está falando da sua impressão do mundo, não do próprio mundo. O vocabulário que usas não é comum a descrição de mundo, mas sim a descrição de experiências de mundo. Então não é de mundo que falas, e sim de si mesmo. Você, a propósito, é parte do mundo. Portanto não acabas e nem começas em si.
A dor é o que é. A dor é a interpretação de informação. A mão ao fogo dói, a dor é evitada, portanto mão ao fogo também. Num universo onde não existe dor, não existe mão. O mesmo vale pro pânico, horror, amor, carinho, tesão.
Não existe mal que não seja necessário. Essa é uma outra forma de declarar a primeira lei da termodinâmica, a troca equivalente.
Você acredita que o mundo poderia ser melhor do que é. O que te levas a crer nisso? Afinal, não existem almas, deus, criaturas metafísicas etéreas, não é mesmo?
Morte não é feia, nem cruel. Ela é natural, lógica, justa. Nada pode ser injusto, não faz sentido. Um acidente só acontece se houver condições necessárias para o sustentar. Assim como a doença. Não existe injustiça, o mundo é justo.
Tudo o que aconteceu pode acontecer, difícil acreditar no contrário. O que não aconteceu, poderia ter acontecido? Sim? Então por que não aconteceu? Interessante.
O mundo é perfeito, organizado, sincronizado. Não há distância de tempo entre o soltar da xícara e o cair da xícara. Não importa a complexidade da configuração do momento seguinte, o ganho de entropia, o desprendimento enérgico de um sistema, um estado se origina do outro, continuamente.
E o que você acha sobre a xícara cair, bem, é problema seu. Ela não está interessada na sua opinião. Nem a morte. Não há vida sem morte, não há morte sem vida.
E sabe, se você concordou até aqui (suponho que a probabilidade disso acontecer seja maior que zero), isso implica em o universo ser absoluto. Absolutamente infinito. Por universo, eu chamo a soma de tudo que há. A soma de tudo o que é só pode ser infinita e absoluta. Pois, se não for infinito, algo deverá restringi-lo. Para restringi-lo, algo deve primeiro existir. Nonsense, não pode existir nada além da soma de tudo que há. O universo é absolutamente infinito, lógico, justo.
Você é inteligente, pois foi capaz de ler até aqui. Você acredita ser consciente. Você acredita ser alguém. Você existe, pois acredita, e é preciso primeiro existir, para possuir o atributo de acreditar. O que não existe, não pode crer. Você acredita, você tem fé. Você crê ser um indivíduo, ser um alguém. Nada pode existir além da soma de tudo que existe. Você é a soma das forças resultantes, portanto, a responsabilidade por existir não pode originar no indivíduo. Você não pode ser responsável por existir. Você não é causa de si mesmo. O universo não pode existir sem causa. O universo, portanto, é causa de si mesmo.
O universo é absoluto, e único. E também, muitas outras coisas. São infinitos os seus atributos.
Você zombou outro usuário por acreditar, supostamente, em forças outras influenciando sua vida. Você acredita ser causa de si mesmo? Se for o caso, você admite, na mesma frase, ser deus e Deus não existir. A pergunta mais fundamentalmente é: quem és tu? Onde é que você termina, onde começa tudo aquilo que não é você? Como você pode ser alheio a todo o resto, se define todo o resto por função de si?