Pelo menos nosso problema não está esquecido pela ciência rs
Estímulos eletromagnéticos no cérebro ajudam a tratar zumbidos, aponta pesquisa da USP
Pesquisadores de São Carlos conseguiram identificar qual a região mais sensível a esse tipo de barulho.
Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos, descobriram que estímulos eletromagnéticos em uma região específica do cérebro ajudam no tratamento de zumbido no ouvido, um problema de causa ainda desconhecida e que afeta 28 milhões de brasileiros.
O grupo identificou que a região do cérebro mais sensível ao zumbido é o córtex pré-frontal do lado direito e, durante o estudo, usou eletrodos para mapear o cérebro de 40 pacientes, que durante 20 sessões receberam estimulação eletromagnética.
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Pesquisadores descobriram a região do cérebro mais sensível aos zumbidos (Foto: USP Ribeirão Preto/Divulgação)
“A região basicamente escolhe para que você vai dar atenção em termos de barulho, o que vai escolher ouvir. Por exemplo, se você está assistindo à televisão e alguém fala com você, às vezes, você nem escuta, porque a sua atenção está na televisão. Ela, de certa forma, vai afetar se você vai ouvir ou não o zumbido”, explicou o pesquisador Alexandre Delbem, do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI) da USP.
Conexões cerebrais
Há mais de 10 anos o pesquisador iraniano Iman Ghodratitoostani, do CeMEAI, estuda a doença. Ele gravou as conexões dos neurônios, que ajudaram a mapear a atividade cerebral antes, durante e depois da estimulação. O objetivo era descobrir se esse método pode ou não afetar as conexões cerebrais.
A descoberta dessa região do cérebro vai ajudar a encontrar tratamentos mais eficazes que os tradicionais.
“Parte dos tratamentos envolve medicamentos, outra parte envolve estímulos auditivos, tipo para camuflar o barulho, mas isso pode levar à perda de audição, porque fica o barulho o tempo todo. Então podem ser feitos tratamentos com menos prejuízos a longo prazo e com mais sucesso, porque atinge a região crítica”, afirmou Delbem.
O estudo contou com parcerias com o Instituto de Ciências Cognitivas do Irã e a Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto e já foi publicado em duas revistas científicas.
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A pensionista Maria dos Santos Matos sofre com os zumbidos constantes (Foto: Ely Venâncio/EPTV)
Sem silêncio
Para a pensionista Maria dos Santos Matos, o silêncio praticamente não existe. Ela ouve o zumbido a todo o momento, seja lavando louça, em um momento de lazer, ou até mesmo dormindo.
“Eu costumo ouvir aquele barulhinho fino, bem fino lá dentro, feito um assobio. Você não sabe o que fazer, se abre a boca, se toma água, se mexe no ouvido. Quando tem que passar, passa, mas depois volta no mesmo dia”, contou.
Para os pacientes, o estudo traz uma esperança. “Meu maior sonho é ficar com o meu ouvido limpo, sem ouvir esse barulho que me incomoda muito. É esse meu sonho, desaparecer esse barulho”, declarou Maria.
http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-r...-tratar-zumbidos-aponta-pesquisa-da-usp.ghtml