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O mais foda, além das mortes e o cenário desolador pós catástrofe, é que se pensarmos em medidas paliativas estaremos colocando as pessoas na berlinda outra vez. Tava lendo agora a opinião de um especialista que afirmou que a saída para muitas cidades não será a reconstrução, mas sim a desertificação. É uma boa hora para olhar para os desastres ambientais recentes em outros países e entender como eles se comportaram. É bizarro que a ideia de refugiado ambiental se torna cada vez mais real na prática.
Já faz tempo que um bom pedaço dos municípios menores do país só existem a base de verba federal. Não lembro a porcentagem deles no RS, mas talvez nesse sentido valha a pena "juntar" alguns deles ou coisa do tipo (juntar a verba e compartilhar serviços públicos). Mas fora desse escopo, não acho que seja hora de afirmar algo na linha do "daqui pra frente só piora" ou coisa do tipo.
Sempre existiram e sempre vão existir desastres que excedem o esperado. Existem as chuvas de 100 anos, de 300 anos, de 1000 anos... Não coloco isso para negar ou afirmar algo sobre mudanças climáticas ou coisa do tipo mas para lembrar que no fim das contas a natureza ainda é bem imprevisível. Não importa o preparo, vai ter algum momento que vamos ser pegos desprevenidos e pode dar muito errado.
Nessas horas o que podemos fazer é aprender com o que está acontecendo e ter um planejamento para gerir a crise. Colocando de outra forma, perder tempo pensando no que fazer quando a coisa está acontecendo pode custar vidas, tanto pela demora quanto por tomar decisões no calor da emoção. Barreiras de contenção, bombas, etc ajudam bastante, mas mais importante é ter rotas de evacuação planejadas, mover os pacientes dos hospitais no tempo certo, comunicação assertiva e métricas para que a população possa se organizar sem precisar de alguém empurrando.
Enfim, pode ser mesmo que algumas casas, quarteirões ou mesmo bairros não sejam reconstruídos num futuro. Pode ser que seja mais interessante deslocar essas pessoas para uma região onde no mínimo vão ter mais tempo para reagir a uma enchente. Mas não acho que este seja o momento para essas coisas. Precisamos no mínimo de ter uma dimensão real de onde isso vai chegar (espero sinceramente que não piore mas ainda estamos no "meio" da coisa) antes de avançar algo nesse sentido.