Bom, na minha vida o que deu o grande "impulso inicial" foi ter feito um curso técnico quando estava no ensino médio.
Isso me permitiu arrumar um emprego logo ao final do curso, que depois serviu de trampolim para outro onde ganhava 3 salários mínimos da época. Isso tornou possível ajudar em casa e ter alguma folga financeira, também me permitindo pagar cursos na área (que eram caros na época) e ir me especializando mais. Depois disso o segundo salto foi o ensino superior, que me deu as ferramentas para continuar subindo na carreira e não ficar travado em uma renda "média", por assim dizer. Daí fui subindo gradualmente.
Portanto não enxergo dicotomia entre técnico e superior, são complementares. Evidentemente o superior por si só não quer dizer nada, principalmente porque o pessoal faz cursos verdadeiramente ruins nas unipadarias da vida. Não adianta o cara falar que estudou X tempo determinado tema se ele não sabe nada, não aprendeu a estudar, nem a se virar... só jogou dinheiro e tempo fora.
Também existe a economia real, óbvio, e mesmo um curso bom em alguma área com pouco mercado (sei lá... biblioteconomia) vai ser problemático.
Por outro lado, falar que "nenhum superior com exceção de medicina presta" é bobagem. Existem levantamentos mostrando o aumento de renda de formandos de universidades públicas, por exemplo, em relação a média da população e isso é fato conhecido*.
Logo, acho de mais bom tom o cara que assume não querer estudar e fim de papo. Tenho um tio que teve oportunidade de fazer um técnico no Senai e não quis porque "não tinha mais cabeça para estudar" (isso com seus 21/22 anos). Hoje em dia, aos 40 e tantos, trabalha carregando/descarregando caminhões. Ganha lá seus 2.5k/mês e lida com suas três hérnias, mora na mesma favelinha onde morava quando era criança, tem sua TV onde assiste um futebol e toma umas cachaças no final de semana. Não tenho nada contra, cada um tem suas ambições para a vida. Olho pra trás e vejo também que fiz alguns sacrifícios grandes quando era novo, então o limiar do esforço é um negócio muito pessoal e não dá para esperar que todos tenham a mesma tolerância.
****** E sim, pode ser uma correlação espúria porque espera-se que o cara que fez uma ciências da computação da vida na USP seja mais inteligente que a média da população, logo o fator de incremento de renda seria a inteligência do indivíduo em si e não o estudo, mas convenhamos que isso seria meramente parte da explicação e, portanto, faz sentido considerar sim que o estudo (e especialização) é determinante em incremento de renda (lógica básica de mercado).
Não é não. Eu conheço muita gente assim, especialmente na área da mecânica e elétrica. Pessoal que fixou na cabeça essa ideia errada de que só gente com diploma pregado na parede ganha dinheiro. O que não é verdade. Chuta uma árvore e cai uns 10 engenheiros e 10 advogados, mas não cai 3 pessoas com experiência para consertar uma máquina que vale milhões e dá prejuízo a cada minuto parada.
Mas isso é uma falsa dicotomia, porque em muitos casos o técnico É o engenheiro. A única diferença é o nível de complexidade da coisa, saca?
Contar um causo para exemplificar: um engenheiro projetou um sistema de exaustores que foi instalado em uma planta de uma empresa gigante aí de produção de, entre outras coisas, cimento. Em operação descobriram que o sistema não estava funcionando como previsto. Quem resolveu a pica? Um conhecido meu, especialista em fluidos, que também é engenheiro. Não era questão de apertar parafuso ou trocar peça, mas sim de modelar o problema, conduzir experimentos e descobrir onde estava o erro do projeto inicial que o pessoal não conseguiu pegar.
No mais, de fato mecânica e elétrica, principalmente predial e de alta voltagem, são os técnicos que mais me parecem compensar atualmente.