moskandre
Bam-bam-bam
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http://www.bbc.com/portuguese/notic...il_entrevista_jc_lgb?ocid=socialflow_facebook
Nas manifestações de março e abril nas ruas de cidades do país todo, Caetano, que como Gil foi preso pela ditadura em 1968, diz ter se revoltado com a presença de grupos que defendiam a volta das Forças Armadas e uma "intervenção militar já".
"Isso para mim é ofensivo. É ofensivo à minha sensibilidade e à minha inteligência", diz Caetano.
"E à sua história", completa Gil.
"E à minha história", concorda Caetano.
"Aquilo ali era uma coisa de algumas pessoas, uma maluquice. Mas é sintoma. Há uma questão no mundo com isso mesmo, o renascimento de forças nitidamente reacionárias. A questão não é que elas sejam conservadoras. O problema é que são reacionárias, são forças de reação a qualquer progresso."
O sintoma se apresenta também no Congresso. Caetano afirma que o crescente poder do Legislativo na esteira do enfraquecimento do governo Dilma vem trazendo uma movimentação conservadora "meio apavorante".
"Esses projetos que estão sendo votados no Congresso são horríveis, eu não gosto dessa movimentação, desse negócio ─ diminuição da maioridade penal, bancada da bala, essa tentativa de restringir mais ainda o aborto, não abrir para uma legalização do aborto. Toda essa tendência conservadora, essa pauta", afirma.
Nas movimentações em curso, ele diz ser evidente que também estão em jogo projetos políticos dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.
"Principalmente do presidente da Câmara (Cunha), que você vê que tem muito futuro político, e é mais moderno. Mas é um modernismo conservador, meio apavorante. Não me sinto bem com o que está acontecendo ali."
A despeito da difícil conjuntura atual e do clima de pessimismo com o país, Caetano desdenha do entusiasmo desenfreado que o Brasil despertava no exterior alguns anos atrás.
"Quando vi aquelas capas de revista, a capa da Economist com o Cristo Redentor decolando, achei um exagero", diz. "Então espero que o pessimismo que vemos hoje seja um pouco exagerado também."
"O Brasil pode ser uma experiência muito importante de vida social", diz. "Pode ser. É horrível como é, tem muitas coisas horríveis em sua história. Mas acho que é uma oportunidade de originalidade. Temos essa responsabilidade e devemos encará-la", afirma ele.
Essa mensagem que o Brasil teria a dar para o mundo ainda não é clara, porque não foi articulada, diz Caetano. "Ainda é um rascunho. Mas o Brasil pode ser uma experiência diferente."
"Somos esse país gigante no hemisfério sul. Temos uma enorme mistura racial. Somos latino-americanos, mas não formamos uma unidade com o resto da América Latina, porque falamos português. Fomos uma monarquia até tarde demais, a escravidão foi abolida tarde demais. Mas tudo aponta para uma situação única e original com vantagens e desvantagens. E tudo que é bom no Brasil poderia ser combinado de uma maneira mais equilibrada para que realmente possamos dizer algo... com um tom doce", afirma ele, enfatizando as últimas palavras na voz macia e musical.
"Agora que o mundo está finalmente consciente de que a 'maciez' também é um atributo, de que 'softpower' também é poder, acho que o Brasil tem muitos ingredientes para se afirmar", completa Gil.
Nas manifestações de março e abril nas ruas de cidades do país todo, Caetano, que como Gil foi preso pela ditadura em 1968, diz ter se revoltado com a presença de grupos que defendiam a volta das Forças Armadas e uma "intervenção militar já".
"Isso para mim é ofensivo. É ofensivo à minha sensibilidade e à minha inteligência", diz Caetano.
"E à sua história", completa Gil.
"E à minha história", concorda Caetano.
"Aquilo ali era uma coisa de algumas pessoas, uma maluquice. Mas é sintoma. Há uma questão no mundo com isso mesmo, o renascimento de forças nitidamente reacionárias. A questão não é que elas sejam conservadoras. O problema é que são reacionárias, são forças de reação a qualquer progresso."
O sintoma se apresenta também no Congresso. Caetano afirma que o crescente poder do Legislativo na esteira do enfraquecimento do governo Dilma vem trazendo uma movimentação conservadora "meio apavorante".
"Esses projetos que estão sendo votados no Congresso são horríveis, eu não gosto dessa movimentação, desse negócio ─ diminuição da maioridade penal, bancada da bala, essa tentativa de restringir mais ainda o aborto, não abrir para uma legalização do aborto. Toda essa tendência conservadora, essa pauta", afirma.
Nas movimentações em curso, ele diz ser evidente que também estão em jogo projetos políticos dos presidentes da Câmara, Eduardo Cunha, e do Senado, Renan Calheiros.
"Principalmente do presidente da Câmara (Cunha), que você vê que tem muito futuro político, e é mais moderno. Mas é um modernismo conservador, meio apavorante. Não me sinto bem com o que está acontecendo ali."
A despeito da difícil conjuntura atual e do clima de pessimismo com o país, Caetano desdenha do entusiasmo desenfreado que o Brasil despertava no exterior alguns anos atrás.
"Quando vi aquelas capas de revista, a capa da Economist com o Cristo Redentor decolando, achei um exagero", diz. "Então espero que o pessimismo que vemos hoje seja um pouco exagerado também."
"O Brasil pode ser uma experiência muito importante de vida social", diz. "Pode ser. É horrível como é, tem muitas coisas horríveis em sua história. Mas acho que é uma oportunidade de originalidade. Temos essa responsabilidade e devemos encará-la", afirma ele.
Essa mensagem que o Brasil teria a dar para o mundo ainda não é clara, porque não foi articulada, diz Caetano. "Ainda é um rascunho. Mas o Brasil pode ser uma experiência diferente."
"Somos esse país gigante no hemisfério sul. Temos uma enorme mistura racial. Somos latino-americanos, mas não formamos uma unidade com o resto da América Latina, porque falamos português. Fomos uma monarquia até tarde demais, a escravidão foi abolida tarde demais. Mas tudo aponta para uma situação única e original com vantagens e desvantagens. E tudo que é bom no Brasil poderia ser combinado de uma maneira mais equilibrada para que realmente possamos dizer algo... com um tom doce", afirma ele, enfatizando as últimas palavras na voz macia e musical.
"Agora que o mundo está finalmente consciente de que a 'maciez' também é um atributo, de que 'softpower' também é poder, acho que o Brasil tem muitos ingredientes para se afirmar", completa Gil.