Ainda achei zoado o roteiro querer manipular o jogador na pior ordem de acontecimentos possível.
Se queriam que as pessoas simpatizassem com a Abby no mínimo deveriam ter contado a história dela primeiro até a morte do Joel mostrando antes as suas motivações. Do jeito que fizeram com o assassinato sendo mostrado primeiro, quando chega a hora de jogar com a Abby o jogador já tem um grande desprezo pela personagem pouco importando com as suas motivações.
Sem contar que a Abby é apresentada como uma assassina que mata as pessoas sob tortura a sangue frio para se satisfazer, no final chega a matar até seus conhecidos, assim fica difícil comprar a ideia da sua redenção ao querer salvar as crianças cicatriz.
O Neil Cuckman tentou fazer com a Abby um arco dramático similar ao do Joel, porém não funcionou.
O Joel é um assassino egoísta, porém a história se passa num mundo apocalíptico então seria compreensível o personagem ser assim, agora o pulo do gato acontece ao justificarem que ele se apega a Ellie por ver nela a sua filha que foi assassinada. Joel ao contrário da Abby não busca nenhuma redenção, continua sendo o mesmo assassino egoísta, o problema é que agora ele mataria qualquer pessoa para defender a Ellie, o jogo vai até além, o Joel chega a sacrificar o futuro da humanidade de forma egoísta para salvar a Ellie.
Já em relação a Abby não existe nenhuma justificativa para salvar aquelas crianças cicatriz, e pior, não existe nenhuma justificativa para ela colocar a vida dela e dos seus companheiros em risco em prol de duas pessoas que não conhece. Chega a ser bizarro no The Last of Us 2 ver personagens matando várias pessoas ao longo da aventura sem fraquejar, compreensível até pela situação do mundo apocalíptico como disse antes, mas se o NPC tem mais de 2 linhas de diálogo ai vira um problema matar alguém.
A mesma coisa vale pra Ellie. No início mostra que ela é capaz de sacrificar seus amigos na sua sede por sangue, ao longo da aventura pratica uma massacre para encontrar a Abby, mas ao chegar no final e estar frente a frente com quem matou o Joel e seu amigo Jessie prefere deixar a vingança pra lá.
Eu cheguei a dar gargalhadas com essas incongruências de roteiro e ainda tenho que ler jornalista emocionado comparando esse jogo com o filme A Lista de Schindler.
The Last of Us 2 é um bom entretenimento por ser um jogo tecnicamente impecável, mas a construção de personagens não é um dos seus fortes, nesse jogo não tive apreço nem pela Ellie que está disposta a sacrificar os seus amigos em prol de uma vingança, até o Tommy é mais simpático por ter fugido escondido justamente para proteger as pessoas que ele ama.