´De esquerda é o c***lho.
Se você não conhece a história, não se meta a comentá-la!
Vai dizer que Ludwig Von Mises não conhece história?
Não existe direita autoritária.
Isso é balela criada pela esquerda pra tentar jogar a culpa das merdas que aconteceram na direita.
"Que é o intervencionismo? O intervencionismo significa a não restrição,
por parte do governo, de sua atividade, em relação à preservação
da ordem, ou – como se costumava dizer cem anos atrás
– em relação à “produção da segurança”. O intervencionismo revela
um governo desejoso de fazer mais. Desejoso de interferir nos fenômenos
de mercado. Alguém que discorde, afirmando que o governo
não deveria intervir nos negócios, poderá ouvir, com muita
frequência, a seguinte resposta: “Mas o governo sempre interfere,
necessariamente. Se há policiais nas ruas, o governo está interferindo.
Interfere quando um assaltante rouba uma loja ou quando
evita que alguém furte um automóvel”. Mas quando falamos de
intervencionismo, e definimos o significado do termo, referimo-nos
à interferência governamental no mercado. (Que o governo e a polícia
se encarreguem de proteger os cidadãos, e entre eles os homens
de negócio e, evidentemente, seus empregados, contra ataques de
bandidos nacionais ou do exterior, é efetivamente uma expectativa
normal e necessária, algo a se esperar de qualquer governo. Essa
proteção não constitui uma intervenção, pois a única função legítima
do governo é, precisamente, produzir segurança.) Quando falamos
de intervencionismo, referimo-nos ao desejo que experimenta
o governo de fazer mais que impedir assaltos e fraudes.
O intervencionismo
significa que o governo não somente fracassa em proteger
o funcionamento harmonioso da economia de mercado, como
também interfere em vários fenômenos de mercado: interfere nos
preços, nos padrões salariais, nas taxas de juro e de lucro."
"
O governo quer interferir com a finalidade de obrigar os homens
de negócio a conduzir suas atividades de maneira diversa
da que escolheriam caso tivessem de obedecer apenas aos consu-
midores. Assim, todas as medidas de intervencionismo governamental
têm por objetivo restringir a supremacia do consumidor.
O governo quer arrogar a si mesmo o poder – ou pelo menos
parte do poder – que, na economia de mercado livre, pertence aos
consumidores. Consideremos um exemplo de intervencionismo
bastante conhecido em muitos países e experimentado, vezes
sem conta, por inúmeros governos, especialmente em tempos de
inflação. Refiro-me ao controle de preços. Em geral, os governos
recorrem ao controle de preços depois de terem inflacionado a
oferta de moeda e de a população ter começado a se queixar do
decorrente aumento dos preços. Há muitos e famosos exemplos
históricos do fracasso de métodos de controle dos preços, mas
mencionarei apenas dois, porque em ambos os governos foram,
de fato, extremamente enérgicos ao impor, ou tentar impor, seus
controles de preço."
"Analisemos agora as razões desse fracasso. O governo ouve as
queixas do povo de que o preço do leite subiu. E o leite é, sem
dúvida, muito importante, sobretudo para a geração em crescimento,
para as crianças. Por conseguinte, estabelece um preço máximo
para esse produto, preço máximo que é inferior ao que seria o preço
potencial de mercado. Então o governo diz: “Estamos certos de que
fizemos tudo o que era preciso para permitir aos pobres a compra de
todo o leite de que necessitam para alimentar os filhos”.
Mas que acontece? Por um lado, o menor preço do leite provoca
o aumento da demanda do produto; pessoas que não tinham meios
de comprá-lo a um preço mais alto, podem agora fazê-lo ao preço
reduzido por decreto oficial. Por outro lado, parte dos produtores
de leite, aqueles que estão produzindo a custos mais elevados – isto
é, os produtores marginais – começam a sofrer prejuízos, visto que o
preço decretado pelo governo é inferior aos custos do produto. Este
é o ponto crucial na economia de mercado. O empresário privado, o
produtor privado, não pode sofrer prejuízo no cômputo final de suas
atividades. E como não pode ter prejuízos com o leite, restringe a
venda deste produto para o mercado. Pode vender algumas de suas
vacas para o matadouro; pode também, em vez de leite, fabricar e
vender derivados do produto, como coalhada, manteiga ou queijo.
A interferência do governo no preço do leite redunda, pois,
em menor quantidade do produto do que a que havia antes, redução
que é concomitante a uma ampliação da demanda. Algumas
pessoas dispostas a pagar o preço decretado pelo governo não
conseguirão comprar leite. Outro efeito é a precipitação de pessoas
ansiosas por chegarem em primeiro lugar às lojas. São obrigadas
a esperar do lado de fora. As longas filas diante das lojas
parecem sempre um fenômeno corriqueiro numa cidade em que
o governo tenha decretado preços máximos para as mercadorias
que lhe pareciam importantes.
Foi o que se passou em todos os lugares onde o preço do leite
foi controlado. Por outro lado, isso foi sempre prognosticado pelos
economistas – obviamente apenas pelos economistas sensatos,
que, aliás, não são muito numerosos. Mas qual é a consequência do
controle governamental de preços? O governo se frustra. Pretendia
aumentar a satisfação dos consumidores de leite, mas na verdade,
descontentou-os. Antes de sua interferência, o leite era caro, mas
era possível comprá-lo. Agora a quantidade disponível é insuficiente.
Com isso, o consumo total se reduz. As crianças passam a tomar
menos leite, e chegam a não mais tomá-lo. A medida a que o governo
recorre em seguida é o racionamento. Mas racionamento significa
tão somente que algumas pessoas são privilegiadas e conseguem
obter leite, enquanto outras ficam sem nenhum. Quem obtém e
quem não obtém é obviamente algo sempre determinado de forma
muito arbitrária. Pode ser estipulado, por exemplo, que crianças
com menos de quatro anos de idade devem tomar leite, e aquelas
com mais de quatro, ou entre quatro e seis, devem receber apenas a
metade da ração a que as menores fazem jus.
Faça o governo o que fizer, permanece o fato de que só há
disponível uma menor quantidade de leite. Consequentemente,
a população está ainda mais insatisfeita que antes. O governo
pergunta, então, aos produtores de leite (porque não tem imaginação
suficiente para descobrir por si mesmo): “Por que não
produzem a mesma quantidade que antes?”. Obtém a resposta:
“É impossível, uma vez que os custos de produção são superiores
ao preço máximo fixado pelo governo”. As autoridades se
põem em seguida a estudar os custos dos vários fatores de produção,
vindo a descobrir que um deles é a ração. “Pois bem”,
diz o governo, “o mesmo controle que impusemos ao leite, vamos
aplicar agora à ração. Determinaremos um preço máximo
para ela e os produtores de leite poderão alimentar seu gado
a preços mais baixos, com menor dispêndio. Com isto, tudo
se resolverá: os produtores de leite terão condições de produzir
em maior quantidade e venderão mais.” Que acontece nesse
caso? Repete-se, com a ração, a mesma história acontecida com
o leite, e, como é fácil depreender, pelas mesmíssimas razões. A
produção de ração diminui e as autoridades se veem novamente
diante de um dilema.
Nessas circunstâncias, providenciam novos interlocutores, no
intuito de descobrir o que há de errado com a produção de ração.
E recebem dos produtores de ração uma explicação idêntica à
que lhes fora fornecida pelos produtores de leite. De sorte que
o governo é compelido a dar um outro passo, já que não quer
abrir mão do princípio do controle de preços. Determina preços
máximos para os bens de produção necessários à produção de
ração. E a mesma história, mais uma vez, se desenrola. Assim,
o governo começa a controlar não mais apenas o leite, mas também
os ovos, a carne e outros artigos essenciais. E todas as vezes
alcança o mesmo resultado, por toda parte a consequência é a
mesma. A partir do momento em que fixa preços máximos para
bens de consumo, vê-se obrigado a recuar no sentido dos bens de
produção, e a limitar os preços dos bens de produção necessários
à elaboração daqueles bens de consumo com preços tabelados. E
assim o governo, que começara com o controle de alguns poucos
fatores, recua cada vez mais em direção à base do processo produtivo,
fixando preços máximos para todas as modalidades de bens
de produção, incluindo-se ai, evidentemente, o preço da mão-deobra,
pois, sem controle salarial, o “controle de custos” efetuado
pelo governo seria um contra-senso.
Ademais, o governo não tem como limitar sua interferência no
mercado apenas ao que se lhe afigura como bem de primeira necessidade:
leite, manteiga, ovos e carne. Precisa necessariamente
incluir os bens de luxo, porquanto, se não limitasse seus preços, o
capital e a mão-de-obra abandonariam a produção dos artigos de
primeira necessidade e acorreriam à produção dessas mercadorias
que o governo reputa supérfluas. Portanto, a interferência isolada
no preço de um ou outro bem de consumo sempre gera efeitos – e
é fundamental compreendê-lo – ainda menos satisfatórios que as
condições que prevaleciam anteriormente: antes da interferência, o
leite e os ovos são caros; depois, começam a sumir do mercado.
O governo considerava esses artigos tão importantes que interferiu;
queria torná-los mais abundantes, ampliar sua oferta. O resultado
foi o contrário: a interferência isolada deu origem a uma situação
que – do ponto de vista do governo – é ainda mais indesejável que
a anterior, que se pretendia alterar.
E o governo acabará por chegar
a um ponto em que todos os preços, padrões salariais, taxas de juro,
em suma, tudo o que compõe o conjunto do sistema econômico, é
determinado por ele. E isso, obviamente, é socialismo."
O que lhes apresentei aqui, nesta explanação esquemática e teórica,
foi precisamente o que ocorreu nos países que tentaram impor
preços máximos, países cujos governos foram teimosos o bastante
para avançarem passo a passo até a própria derrocada. Foi o que
aconteceu, na Primeira Guerra Mundial, com a Alemanha e a Inglaterra.
Analisemos a situação que existia nos dois países. Ambos
experimentavam a inflação. Como os preços subiam, os dois
governos impuseram controles sobre eles. Tendo começado com
apenas alguns preços, nada mais que leite e ovos, foram forçados a
avançar cada vez mais. Mais a guerra se prolongava, maior se tornava
a inflação. E após três anos de guerra, os alemães – de maneira
sistemática, como é de seu estilo – elaboraram um grande plano.
Chamaram-no Plano Hindenburg (naquela época, tudo na Alemanha
que parecia bom ao governo era batizado de Hindenburg).
O Plano Hindenburg estabelecia o controle governamental sobre
todo o sistema econômico do país: preços, salários, lucros..., tudo.
E a burocracia tratou imediatamente de pôr em prática este plano.
Mas, antes de concluí-lo, veio a derrocada: o Império Alemão desintegrou-
se, o aparelho burocrático esfacelou-se, a revolução produziu
seus efeitos terríveis – tudo chegou ao fim. Os fatos, na Inglaterra,
inicialmente ocorreram dessa mesma maneira, mas, depois de algum
tempo, na primavera de 1917, os Estados Unidos entraram na guerra
e abasteceram os ingleses com quantidades suficientes de tudo.
Dessa forma, o caminho do socialismo, o caminho da servidão, foi
obstado. Antes da ascensão de Hitler ao poder, o controle de preços
foi mais uma vez introduzido na Alemanha pelo chanceler Brüning,
pelas razões de costume. O próprio Hitler aplicou-o antes mesmo do
início da guerra: na Alemanha de Hitler não havia empresa privada
ou iniciativa privada. Na Alemanha de Hitler havia um sistema de
socialismo que só diferia do sistema russo na medida em que ainda
eram mantidos a terminologia e os rótulos do sistema de livre economia.
Ainda existiam “empresas privadas”, como eram denominadas. Mas
o proprietário já não era um empresário; chamavam-no “gerente” ou
“chefe” de negócios (Betriebsführer).
Todo o país foi organizado numa hierarquia de führers; havia o
Führer supremo, obviamente Hitler, e em seguida uma longa sucessão
de führers, em ordem decrescente, até os führers do último escalão. E,
assim, o dirigente de uma empresa era o Betriebsführer. O conjunto de
seus empregados, os trabalhadores da empresa, era chamado por uma
palavra que, na Idade Média, designara o séquito de um senhor feudal:
o Gefolgschaft. E toda essa gente tinha de obedecer às ordens expedidas
por uma instituição que ostentava o nome assustadoramente
longo de Reichsführerwirtschaftsministerium (Ministério da Economia
do Império), a cuja frente estava o conhecido gorducho Goering, enfeitado
de joias e medalhas. E era desse corpo de ministros de nome
tão comprido que emanavam todas as ordens para todas as empresas:
o que produzir, em que quantidade, onde comprar matérias-primas
e quanto pagar por elas, a quem vender os produtos e a que preço.
Os trabalhadores eram designados para determinadas fábricas e recebiam
salários decretados pelo governo. Todo o sistema econômico era
agora regulado, em seus mínimos detalhes, pelo governo.
O Betriebsführer não tinha o direito de se apossar dos lucros; recebia
o equivalente a um salário e, se quisesse receber uma soma
maior, diria, por exemplo: “Estou muito doente, preciso me submeter
a uma operação imediatamente, e isso custará quinhentos
marcos”. Nesse caso, era obrigado a consultar o führers do distrito
(o Gauführer ou Gauleiter), que o autorizaria – ou não – a fazer uma
retirada superior ao salário que lhe era destinado. Os preços já não
eram preços, os salários já não eram salários – não passavam de expressões
quantitativas num sistema de socialismo.
Permitam-me agora contar-lhes como esse sistema entrou em
colapso. Um dia, após anos de combate, os exércitos estrangeiros
chegaram à Alemanha. Procuraram conservar esse sistema econômico
de direção governamental; mas para isso teria sido necessária
a brutalidade de Hitler. Sem ela, o sistema não funcionou.