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Análise de Deadly Premonition (X360/PS3)

Razzee

Bam-bam-bam
Mensagens
1.318
Reações
4.360
Pontos
453
FICHA DO JOGO
Lançamento
: 23 de fevereiro de 2010
Jogadores: um jogador
Gêneros: ação, aventura, survival horror
Desenvolvedora: Access Games
Editoras: Ignition Entertainment, Marvelous Entertainment, Rising Star Games, Aksys Games, Numskull Games.
Idiomal disponível (dublagem): inglês
Idiomas disponíveis (legendas): inglês, francês, italiano, alemão, espanhol
Plataformas: Xbox 360, PlayStation 3, Personal Computer, Switch
Classificação indicativa: M (Mature 17+)

Versão do jogo analisada: edição americana, jogada no PlayStation 3 e Xbox 360.

Deadly Premonition é um survival horror de mundo aberto desenvolvido pela Access Games e publicado por diversas companhias diferentes, dependendo da região e plataforma de lançamento. O título começou a ser produzido com base em Rainy Woods [1][2], que seria originalmente lançado em 2008 para PS2 e X360 (mas fora cancelado), o qual apresenta fortes inspirações em Twins Peak, uma série de mistério que foi ao ar no início dos anos 90.

O jogo está disponível em três versões distintas: Deadly Premonition (ou Red Seeds Profile), disponível para X360 e PS3 (apenas no Japão), de 2010, com controles e câmera “tank” ao estilo Resident Evil 4; Deadly Premonition: Director’s Cut, que saiu para PS3 (no Ocidente) e PC em 2013, modificando as mecânicas de controle e câmera, e mantendo um único nível de dificuldade (equivalente ao Easy); e Deadly Premonition Origins, que saiu exclusivamente para Switch, cujo port pode ser descrito como um meio-termo entre ambas as outras versões.

Nesta análise estaremos cobrindo ambas as versões de PS3 (Director’s Cut) e a de X360 (original), possivelmente comparando ambas quando relevante.

Enredo
A trama do jogo acompanha Francis York Morgan, que atualmente investiga o assassinato de Anna Graham, de 18 anos, na cidade rural de Greenvale, Washington, nos Estados Unidos. Ele assume o caso devido à forma do assassinato: um assassinato ritualístico de uma jovem onde sementes vermelhas foram encontradas no corpo ou próximo ao mesmo, semelhante a uma série de outros assassinatos no país. York gera atrito considerável com sua atitude desdenhosa em relação aos habitantes locais, comportamento bizarro e tendência a interromper conversas para fazer comentários a uma pessoa invisível conhecida como “Zach“. Ele é auxiliado pelo xerife da cidade, George Woodman, que é marcado por um passado de abuso na infância; a vice-xerife Emily Wyatt, que se torna um interesse amoroso de York; e Thomas MacLaine, o dócil assistente de George. Além disso, York encontra-se regularmente emboscado e atacado pelo Raincoat Killer, que, de acordo com o folclore da cidade, mata apenas quando chove.



Mecânicas e jogabilidade
Original
(X360): a versão inicial do jogo, lançada em 2010 para X360 (todas as regiões) e PS3 (Japão) apresenta mecânicas de controle de personagem e mira similares aos de títulos como Resident Evil 4, com a arma sendo empunhada ao pressionar e segurar RT, mirar com o analógico esquerdo, disparar com A, recarregar com B e travar a mira no inimigo com LT, embora isso não garanta um headshot.

É um sistema que funciona bem. Na teoria, apenas. O personagem não pode se movimentar e atirar ao mesmo tempo, o que nos torna vulneráveis a inimigos que desejam nos agarrar. Além disso, a sensibilidade do analógico para mirar (e pilotar o veículo) é muito alta, sem qualquer opção disponível para ajustarmos como gostaríamos. Por isso, o jogador se vê obrigado a utilizar a trava da mira na maior parte dos momentos, embora não haja muito o que fazer ao pilotar a fera indomável que é a viatura.

Director’s Cut (PS3): com a versão “Corte do Diretor“, os controles foram supostamente melhorados, introduzindo um sistema de câmera flexível que pode ser movimentada em torno do personagem. Em tese, seria muito melhor, mas não é nem um pouco divertido. Como conseguiram piorar ainda mais o controle de mira da arma nesta versão, e o único nível de dificuldade disponível é o Easy, por padrão, as seções de exploração e combate na versão alternativa da cidade se tornam mera trivialidade, que poderiam muito bem ser removidas do jogo.
Em alguns momentos da versão de Xbox 360, a câmera assume uma perspectiva fixa a partir de um local do cenário, como ocorria em Resident Evil antigos. Isso ajuda em alguns momentos, em que estamos sendo perseguidos pelo Raincoat Killer, e uma determinada side-quest de mover caixas, por exemplo.

Ambas: claro que Deadly Premonition não se trata apenas de derrotar inimigos que se assemelham a zombies, e temos os momentos de exploração de cenário e diálogo com outros personagens. Buscando inspiração em Twin Peaks, o protagonista tem amplo acesso a qualquer parte de uma pequena cidade chamada de Greenvale, onde cada personagem tem um ciclo de hábitos diários (e noturnos), tendo de suprir a necessidade de York de dormir, comer, trocar de roupa e fazer a barba, eventualmente.

Ao contrário de títulos que empregam sistemas similares, como Mizzurna Falls e Shenmue, o jogador não é punido por demorar demais para cumprir os objetivos. Os eventos podem apenas ser iniciados em determinada janela de tempo mas, caso não sejam iniciados dentro do tempo-limite, você pode tentar novamente no dia seguinte, sem qualquer penalidade.

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Gráficos
Ambas
: desde a sua fase conceitual, “Rainy Woods[3], Deadly Premonition seria lançado paralelamente para PS3 e X360. Contudo, grande parte dos assets do jogo levam a crer que o jogo contemplaria também os consoles de sexta geração, devido à contagem de polígonos e resolução de texturas, especialmente as árvores, que compõem 90% do ambiente do jogo.

Enquanto estamos em ambientes internos, a qualidade das texturas, sistema de iluminação e contraste de cores são excelentes, apesar de ainda haver um notável serrilhado. Em ambientes externos, a qualidade decai drasticamente, com um efeito blur que cobre todo o cenário, e a baixa qualidade dos assets, para consoles de sétima geração, se torna ainda mais evidente. As animações do jogo são limitadas, muito rígidas e, por vezes, ocorrem fora de contexto, justamente por conta da baixa variedade.

Director’s Cut (PS3): em tese, esta versão implementa melhorias visuais, mas não é o resultado que temos. A água do jogo, por exemplo, apesar de não ser muito atraente já na versão original, foi completamente tingida de azul e perdeu sua animação. Argumenta-se que a versão original apresenta uma tonalidade verde, que foi removida com esta versão, mas em contrapartida os personagens e cenários agora perderam vida, com uma tonalidade mais acinzentada.

Alguns modelos de personagens e texturas foram, de fato, melhorados, embora o produto final ainda seja muito similar. A resolução de imagem é um pouco elevada em relação à original, agora atingindo o padrão HD (720p), o que gera suas consequências, que abordarei mais para frente.

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Som
A trilha-sonora [4] de Deadly Premonition é composta por 25 músicas-tema exclusivas a certos personagens e diferentes sensações que o jogo pretende transmitir, como melancolia, loucura, tristeza, felicidade, a qual cumpre sua função muito bem. Em algumas ocasiões, sinto que a faixa errada começa a tocar, o que pode quebrar um momento de tensão do jogo, e isso acontece diversas vezes.

A dublagem, especialmente de York, é excepcional. Os dubladores souberam entrar na pele dos personagens para transportar as emoções de cada um, o que torna Deadly Premonition um jogo muito comovente. Por outro lado, a dublagem dos inimigos (“Shadows”) precisa melhorar muito para se tornar medíocre. Tanto a entonação das vozes quanto as frases são muito forçadas e mal planejadas.

Os efeitos sonoros, que foram terceirizados, podem ser muito estrondosos em alguns momentos mas soam convincentes o suficiente para complementar o jogo… À exceção do esquilo que aparece na introdução, que soa como um macaco.

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Diversão
Deve-se admitir que as partes jogáveis de Deadly Premonition que exigem combate não foram muito bem executadas, sendo mais um obstáculo para o que realmente nos interessa no jogo: a história. A história de Deadly Premonition é o que torna um jogo tão medíocre em gráficos e sistema de combate um objeto de amor e ódio para a crítica e jogadores afins.

Avançar na trama a fim de se aproximar da identidade do real mastermind dos assassinatos é extremamente gratificante. O pacing da estória e o elenco de personagens carismáticos e bem escritos é o que torna Deadly Premonition um título “cult”. Além disso, temos uma grande cidade a explorar com uma infinidade de side-quests a completar e colecionáveis a encontrar.

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Problemas e bugs
Director’s Cut (PS3): Deadly Premonition não é Deadly Premonition sem seus bugs, mas a versão Director’s Cut vai além e estabelece um novo padrão de como desenvolver um jogo repleto de bugs e problemas técnicos. Para começar, você não pode salvar o jogo no meio de um capítulo com um item-chave no inventário uma vez que, ao retornar, esse mesmo item terá desaparecido, forçando-o a iniciar um novo playthrough, já que o jogo oferece apenas um único slot para salvar o progresso. Além disso, a taxa de quadros do jogo é fixa na faixa dos vinte quadros por segundo em ambientes abertos, inclusive travando meu console em diversas ocasiões.

Original (X360): longe de perfeita, mas é muito mais estável que a versão “melhorada”, que veio anos depois. Há alguns bugs momentâneos como o sistema de iluminação falhar a carregar [5], assim como reflexos de personagens desapareceram [6], mas que são considerados de menor importância, não impedindo o jogador de avançar.

Ambas: as seções jogáveis com armas foram implementadas em um estágio avançado do desenvolvimento, a pedido da editora do jogo, que acreditava no baixo número de vendas, especialmente no Ocidente, caso o jogo não apresentasse combate de alguma forma. Infelizmente, nenhuma das versões do jogo consegue oferecer uma experiência decente ao jogador, sendo mais um impeditivo para avançar na estória, que é o que realmente interessa.

Um título escrito por Hidetaka Suehiro e também desenvolvido pela Access Game, D4: Dark Dreams Don’t Die, segue um conceito interativo de visual novel ocidental, como os jogos da Telltale, e foi geralmente bem recebido pela crítica. Deadly Premonition poderia ter seguido o mesmo conceito.

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Extras
Director’s Cut
(PS3): no início e término de cada episódio, há uma cena exibindo o diálogo entre uma menina e um homem mais velho. São adições interessantes, mas essas cenas mais confundem o jogador do que agregam conteúdo, por não serem canônicas.

Ambas: em Greenvale, há uma ampla variedade de coisas a fazer, como coletar 65 cartas colecionáveis espalhadas pela cidade e 50 side-quests a completar, concedendo ao jogador recompensas que podem ou não ajudá-lo no decorrer de sua aventura. As missões garantem armas com munição infinita ou cartas colecionáveis, além de nos permitir conhecer mais a fundo a história de cada personagem secundário.

Uma das recompensas, desbloqueada pela segunda missão de George, é um item essencial: um rádio que permite a York se deslocar instantaneamente para um local já visitado (fast travel). Outras atividades interessantes são corridas de rua, embora pilotar os veículos nesse jogo não seja uma tarefa trivial.

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Conclusão
Deadly Premonition é a definitiva manifestação do humor bizarro de jogos japoneses dentro um setting ocidental, somado a um baixo orçamento e escolhas duvidosas de design. A estória, elenco de personagens e trilha-sonora são inesquecíveis, e prendem o jogador do início ao fim da trama. Criando contraste, os gráficos obsoletos e medíocres seções de combate nos faz refletir sobre a sanidade dos desenvolvedores.

Se formos descrevê-lo em poucas palavras: o jogo se sobressai tão bem em ser ruim que chega a ser bom.

Caso você se comprometa a finalizá-lo, se possível, opte pela versão de X360 ou NSW, e evite a versão de PS3 ou PC.

Pontos negativos
  • Sistema de combate e mira pobremente elaborado;
  • Gráficos (texturas, modelagem) obsoletos, animações repetitivas e rígidas;
  • Medíocre dublagem de inimigos e duvidosa escolha de certos efeitos sonoros;
  • Péssima otimização e performance, com baixa taxa de quadros por segundo e travamentos (PS3);
  • Desaparecimento de itens-chave do inventário ao sair do jogo no decorrer de um capítulo.

Pontos positivos
  • Memorável história e elenco de personagens;
  • Ampla variedade de side-quests e atividades paralelas;
  • Soberba dublagem, com centenas de linhas de diálogo únicas;
  • Impactante e comovente trilha-sonora;
  • Há poucos jogos similares, como Mizzurna Falls e Shenmue;
  • Senso de humor espontâneo, genuíno e bizarro japonês;
  • Troféus e conquistas desbloqueados de forma orgânica.

Avaliação:
Gráficos: 6.5 (X360) / 5.5 (PS3)
Diversão: 9.5 (X360) / 8.5 (PS3)
Jogabilidade: 7.5 (X360) / 6.5 (PS3)
Som: 8.0 (X360/PS3)
Performance e otimização: 8.5 (X360) / 5.0 (PS3)

Nota final: 8.0 (X360) / 6.7 (PS3) / 10.0

Jogo analisado em outubro de 2019 e reproduzido no hardware original (PlayStation 3).
Jogo analisado em abril de 2023 e reproduzido no hardware original (Xbox 360).
Obs.: esta análise pode ou não representar a experiência oferecida pelas versão emulada de Xbox 360 no Xbox One e Series.
 
Ultima Edição:

Vaynard

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Belo review, taí um jogo que sempre me chamou a atenção, quero jogar a versão de Switch em breve
 
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