Se a procura for verdadeira, é, sim, uma boa ideia.
O problema é que essa procura é verdadeira apenas em minoria dos casos. A esmagadora maioria só quer usar a religião como forma de se reintegrar na sociedade para depois ser defendida por um exército de fanáticos, por pura hipocrisia.
Bom, vou comentar algo pessoal (e que você deve encontrar esse mesmo relato meu em várias respostas, pois aconteceu em minha família).
Meu tio era pedreiro, dos bons, estava sempre envolvido com obras e ganhava muito dinheiro.
Mas a família sempre estava mal de grana. Como muitos pedreiros, ele era alcoólico, gastando todo o salário (ou quase) no mesmo dia que recebia.
Aliás, ele não era viciado, mas não era incomum ele usar drogas ilícitas também, a depender de colegas, circunstâncias, acesso fácil...
E, um dia, ele brigou com o encarregado da obra onde estava, pegou um velho .38 e colocou num bolso da jaqueta. Pior, ele havia brigado feio com minha tia.
Seu pensamento, com álcool (e sabe-se mais o que) na cabeça era ir na obra, matar o encarregado, ir para casa, matar a esposa e fugir.
Yep.
Ele chegou na obra e, quando foi pegar a arma, ela não estava lá.
Ele então voltou para a rua e ouviu os louvores numa igreja. Acabou sendo convidado por um
irmão que ficava na porta a entrar e entrou. Lá dentro ele teve uma conversa com Deus, admitindo que tinha um problema e pedindo ajuda para mudar e um sinal.
Ao sair da igreja, a .38 estava no bolso do casaco.
Ele enxergou o evento como Deus lhe enviando um recado e que ele deveria mudar... Sim, também pode ter sido simplesmente que ele estava tão bêbado que não achou a arma antes, independente da realidade que fosse, meu tio aceitou aquilo e mudou de vida.
Sabe,
vale muito a pena comentar que mudar é dificílimo, muito mesmo. Mas é possível. Só que mudar exige mais que
apenas desejar mudar, exige que você
tome atitudes para mudar.
Meu tio (meu pai, outros tios e tias também) já havia tentado parar de beber antes. Mas ele dizia a si mesmo "Agora eu vou parar", mas continuava com os mesmos amigos e mesmos ambientes.
Eu, pessoalmente, já vi um amigo de meu pai, sabendo que ele tinha parado de beber por causa da saúde, insistir com o velho para ele beber "Só um pouquinho, que não ia fazer mal"... Quer dizer, se você quer mudar, mas continua nos mesmos ambientes que pessoas que bebem, uma hora você volta a beber e, quem tem alcoólico em casa sabe, bebeu uma vez, vai embora anos de trabalho.
Voltando a meu tio, ele já havia parado de beber antes, em algumas ocasiões ficando três, quatro meses sem beber, mas acabava caindo.
Daquela vez, ele decidiu mudar. Se tornou evangélico, daquela mesma igreja. Se afastou de amizades antigas, mas que o faziam retornar à bebida (e às drogas) e dos ambientes que frequentava.
Sabe uma coisa terrível? Muito Outerspaciano aqui ficaria putíssimo de ter um amigo que virasse crente. Diria "Nossa, agora ele tá chato pra caramba, essa religião ferrou com ele" e nem iria querer saber se, antes, ele estava ferrado.
Estava.
Meu tio, entao, mudou. A casa dele, "no tijolo" desde que eu me lembro, ele reformou e embolsou, pintou e trocou telhado em poucos anos.
Minha tia ficou maravilhada com a mudança. O dinheiro dele ia pra casa, pros filhos e para eles e não pra bebidas (e outras mulheres).
Meu primo mais velho, que vivia há anos sem falar com o pai, voltou - com algum custo - a falar e a conviver com o pai e ele sabia valorizar isso.
Meu primo do meio odiava a mudança, o pai ficou chato.
Mas todo mundo viu que ele mudou para melhor, a família mudou para melhor.
Quando ele se foi, três anos atrás, havia toda a família (família que ele poderia ter destroçado, 15 anos antes) ao lado dele. Realmente ao lado dele. Havia amigos, novos, surgidos no novo caminho dele e alguns poucos velhos amigos, que mesmo ele mudando, não deixaram de estar a seu lado.
Agora, falando de bandidos...
É a mesma coisa! Se você comete um, dois ou dez crimes, se é preso e condenado, você volta pras ruas e é difícil recomecar longe do crime, você fica marcado. E realmente, se você fez m****, você tem que enfrentar as consequências dessas merdas.
Esquerdista adora citar o problema "Criminoso não tem incentivo para se regenerar" mas é isso, quer citar o problema e jogar a carta "Enquanto não derrubarmos esse sistema injusto e desigual, não haverá mudança" mas se o cara busca mudar na Igreja "Ain, não, não pode... Errar, entrar na Igreja e dizer que mudou não pode..." e, se você é esquerdista, não leia como se eu estivesse te ofendendo, leia como se eu estivesse mostrando que você está errado e que pode e deve mudar sua forma de ver.
Se o ex-criminoso continua no mesmo ambiente, ele volta ao crime. Ele pode mudar de ambiente de várias formas, mas a Igreja é uma dessas formas e, ao contrário de todas as outras, dá subsídios pra pessoa mudar. Ao invés de dizer "Você fez m**** e tem que mudar para não ir preso de novo", a igreja diz "Você errou, mas existe uma chance de redencao, outros erraram e se redimiram, seu sofrimento e dor serviram para o aproximar de Cristo, que quer você livre do ódio e dos vícios". É um discurso poderoso e que, em muitíssimos casos, dá resultado. Claro que vai ter o cara que vai tentar e não vai conseguir mudar. Ou que vai recair no erro (ou ficar no erra-volta-pra-igreja-erra-de-novo-volta-pra-igreja) ou até entrar na Igreja só para fingir que mudou, ou para enganar fiéis.
Mas essas ervas daninhas tem na política, tem na família, tem aqui no fórum, tem entre ateus, tem entre espíritas, tem entre sincréticos.
Então, se leu até aqui, discordo de seu ponto de vista de que a maioria entra na religião para ser defendido por idiotas... Creio ser uma minoria, como em qualquer meio. Mas claro, se 10 ex bandidos viram evangélicos e 2 voltam a cometer crimes, você nem vai saber que os outros 8 eram bandidos, mas vai saber dos dois que fizeram m****.
:-)
Espero que entenda meu ponto de vista e perdoe o wall-of-text.