Existe um encanto enorme pelas novas tecnologias, assim como havia no passado pelo rádio e pela televisão. O famoso Telecurso 2000 é amostra de educação promovido por meio de novas mídias, colocando a possibilidade de aprender fora da sala de aula. Apesar dos esforços, o ensino técnico está praticamente desaparecendo, são turmas vazias, formação ruim e profissionais que não entendem uma simples instrução. A tecnologia propriamente dita não é caminho para consertar nossas deficiências na educação, além de estarem na origem, são constatadas desde a formação de professores até a forma como o mercado de trabalho trata a educação formal, a inovação e criatividade.
O problema da educação está na sua gênese, como alguns usuários já colocaram, nasceu na necessidade de formar cidadãos após a revolução francesa, nunca antes isso aconteceu, educação era somente para uma elite, neste tempo se ensinava lógica, retórica, grego, latim etc, matérias que ficaram de fora da educação pública, dando lugar a história, matemática, educação cívica etc. É praticamente impossível você conseguir atender a demanda de educação pública com professores talentosos. Muitas pessoas que são ótimas em matemática, física, línguas conseguem ganhar mais dinheiro trabalhando em outras áreas, como tradução ou engenharia, do que em uma sala de aula. Aí temos um ponto de impacto: se tornarmos os salários mais atraentes ao ensino público, o mesmo sujeito que poderia estar construindo uma ponte está em uma sala de aula, só que isso não significa que o esforço dele resultará numa centena de outros engenheiros talentosos se o sistema educacional púbico já é corruptor em sua gênese ao tentar incluir todos e deixa de lado a ideia de formação como meio de criar um indivíduo para a ideia de formação para criar um cidadão.
Há alguns anos o Uruguai gastou muito dinheiro comprando tablets para os alunos do ensino público. No entanto, eles não se tornaram um centro internacional de alta educação, isso não melhorou a educação de lá em níveis estratosféricos, apesar de todos os elogios. Ainda que cada aluno tenha um computador e se desenvolvam jogos e outros meios interativos, os professores em sua formação não compreendem tão bem estas tecnologias, não conseguem introduzi-las de modo orgânico nas aulas. Muitas vezes o uso dessas tecnologias fica retida como "chegamos ao momento da aula em que usaremos os computadores", e não como meio de completo ensino.
Devemos compreender que os aplicativos que usamos o tempo todo - Facebook , Twitter, Instagram etc - são construídos por meio de técnicas de persuasão, de recompensa e de vício. Eles mechem com a nossa necessidade de interação e de aceitação social, por mais avançados que sejam os jogos educacionais, nenhum deles tem esse quadro, não programados dessa forma, tanto por questões éticas quanto pela ideia de educação universal, na qual concorrência está sendo cada vez mais deixada de lado para dar lugar a ideia de igualdade. Quando você coloca 40 alunos em uma sala e os trata de forma igual, quando qualquer um que se destaque recebe no máximo uma nota boa, não há o que se falar na ideia de superação. É como ser promovido a cargo de gerência sem aumento de salário, não há estímulo para adquirir mais responsabilidades e se dedicar, não são projetos que visam atrair o estudante da mesma forma que um aplicativo o faz, apesar do meio - computador, tablet, celular - ser o mesmo.
Um quadro, um giz e um professor fazem milagres quando se tem alguém extremamente talentoso à frente da sala: