Ivo Maropo
Bam-bam-bam
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Eu vejo muita gente aqui sem entender uma coisa muito simples: a Microsoft não está interessada numa "nova geração" no sentido que nós ainda atribuímos a ela. O Xbox Series S/X é apenas mais um meio para se usufruir de seu unificado e amplo ecossistema. A sua integração com o Windows é que é a verdadeira chave aqui. O console é apenas a Microsoft cumprindo tabela no mercado de consoles, nos dando uma outra forma de interagir com esta unificada plafaforma, com este ecossistema, que atende por nomes como "gamepass" e "play anywhere". É a Sony que ainda se agarra a um modelo mais tradicional de geração, defendendo preços de 70 dólares/full retail.
Para a Microsoft, videogames significam algo diferente. Apenas pensem no que ela tentou fazer já na apresentação do Xbox One, naquela escandalosa tentativa de criar um claustrofóbico e draconiano Big Brother anti-consumidor, que, como todos nós sabemos, foi duramente rechaçado. Apenas lembrem (se é que vocês já não sabiam disso antes) o que arrematou, para Bill Gates, a decisão de criar a divisão Xbox (pois, sim, Gates sabidamente relutou em aceitá-la): a ideia da centralidade, bem na nossa sala de estar, de um console de videogames. Desde a criação da marca/divisão, a ideia sempre foi para além dos videogames. Sempre. Para a Sony, a ideia sempre foi mais comedida, centrada, quando muito "híbrida".
A relutância da Sony de criar uma simples "Netflix dos videogames", aos moldes do gamepass/play anywhere da Microsoft, já nos mostra isso muito bem. Há uma clara separação entre a política da Sony e a de empresas do vale do silício (como a própria Microsoft). Ao passo que, para a Sony, os games permanecem sendo o seu principal eixo norteador, a centralidade dos seus negócios, para a Microsoft, eles são (e sempre foram) um meio para algo mais, uma visão mais corporativa, mais "holística", algo que extrapola o mero lucro com os videogames.
Querem mais um sintoma óbvio que sinaliza para esta diferença? Que tal a total (e pública) despreocupação da MS para com o fato de que, por dois anos consecutivos, nenhum grande jogo sairá que seja exclusivamente desenvolvido para o Series X? A ideia é claramente ter um console bem menos poderoso (como o Series S) como plataforma-base de desenvolvimento e dar somente up(s) de resolução e framerate para o Series X, algo que claramente frustra (senão diretamente afronta) o propósito de seus alardeados 12 teraflops de poder computacional.
E de onde vem esta patente falta de preocupação da Microsoft de se adequar ao que seria razoável de se esperar de uma nova geração? Ora, precisamente de tudo aquilo eu já expus aqui. A Microsoft não liga para uma nova geração de consoles como a Sony liga. Ela liga somente para a sua plataforma unificada, o seu ecossistema, a sua forma de expandir a privatização dos meios da nossa comunicação e atividade online.
Mas, que fique suficientemente claro, o propósito desde texto NÃO é o de condenar X como um demônio e de redimir Y como um santo, mas apenas assinalar uma diferença clara entre A e B. A Microsoft e a Sony já não parecem mais falar a mesma língua quando falam de videogames. Não é só a Nintendo que é "excêntrica" em sua visão das coisas. De certa maneira, as três grandes empresas de videogame são três ilhas solitárias no meio do oceano.
EDIT:
[Respondendo alguns comentários]
Como eu já havia dito, o propósito do tópico NÃO foi de condenar X e absolver Y. Não há empresa "boazinha". Mesmo quando uma empresa faz doações para a caridade, esta ação nada tem a ver com um "coração cálido", mas (obviamente) apenas com uma ação "de caso pensado", algo estritamente hipócrita e oportunista.
Sendo assim, tanto a Sony quanto a Microsoft têm, ambas, culpa no cartório. Se a Sony não age pensando numa "netflixização dos videogames", é SOMENTE por não ser grande e nem independente da maneira como a Microsoft é. NINGUÉM disse aqui que uma empresa é má e a outra boazinha. Não se trata disso. Pelo amor de Deus.
Mas permanece um fato que, por mesmo serem empresas de tamanhos de mercado muito diferentes, os videogames têm diferentes significados para estas empresas, ocupando funções diferentes em suas pretensões corporativas. Não tem NADA a ver com fazer juízo de valor. Se a Sony tivesse o tamanho da Microsoft, também estaria fazendo as mesmas coisas que ela e na exata mesma proporção.
Este tópico quis apenas delinear esta diferença objetiva entre as duas, baseada no tamanho que as duas corporações têm. É errado pensar que o Xbox e o PlayStation encaram o mercado e os videogames da mesma maneira. Sim, a Sony também faz coisas questionáveis à maneira da Microsoft, mas não à sua proporção; não em seu sentido mais "holístico".
O enfoque da Sony ainda é primariamente lucrar com os videogames, mas a Microsoft, não. Ela quer privatizar o meio da nossa vida online, à semelhança da Amazon, (principalmente) do Google, do Facebook, da Apple e de outras megacorporações do Vale do Silício.
A única diferença entre a maneira com que a Sony e a Microsoft tratam os videogames está no tamanho de cada corporação. SÓ. Não tem NADA a ver com insinuar a superioridade moral de uma sobre a outra. Estão todas no mesmo barco corporativo moralmente corrompido.
Para a Microsoft, videogames significam algo diferente. Apenas pensem no que ela tentou fazer já na apresentação do Xbox One, naquela escandalosa tentativa de criar um claustrofóbico e draconiano Big Brother anti-consumidor, que, como todos nós sabemos, foi duramente rechaçado. Apenas lembrem (se é que vocês já não sabiam disso antes) o que arrematou, para Bill Gates, a decisão de criar a divisão Xbox (pois, sim, Gates sabidamente relutou em aceitá-la): a ideia da centralidade, bem na nossa sala de estar, de um console de videogames. Desde a criação da marca/divisão, a ideia sempre foi para além dos videogames. Sempre. Para a Sony, a ideia sempre foi mais comedida, centrada, quando muito "híbrida".
A relutância da Sony de criar uma simples "Netflix dos videogames", aos moldes do gamepass/play anywhere da Microsoft, já nos mostra isso muito bem. Há uma clara separação entre a política da Sony e a de empresas do vale do silício (como a própria Microsoft). Ao passo que, para a Sony, os games permanecem sendo o seu principal eixo norteador, a centralidade dos seus negócios, para a Microsoft, eles são (e sempre foram) um meio para algo mais, uma visão mais corporativa, mais "holística", algo que extrapola o mero lucro com os videogames.
Querem mais um sintoma óbvio que sinaliza para esta diferença? Que tal a total (e pública) despreocupação da MS para com o fato de que, por dois anos consecutivos, nenhum grande jogo sairá que seja exclusivamente desenvolvido para o Series X? A ideia é claramente ter um console bem menos poderoso (como o Series S) como plataforma-base de desenvolvimento e dar somente up(s) de resolução e framerate para o Series X, algo que claramente frustra (senão diretamente afronta) o propósito de seus alardeados 12 teraflops de poder computacional.
E de onde vem esta patente falta de preocupação da Microsoft de se adequar ao que seria razoável de se esperar de uma nova geração? Ora, precisamente de tudo aquilo eu já expus aqui. A Microsoft não liga para uma nova geração de consoles como a Sony liga. Ela liga somente para a sua plataforma unificada, o seu ecossistema, a sua forma de expandir a privatização dos meios da nossa comunicação e atividade online.
Mas, que fique suficientemente claro, o propósito desde texto NÃO é o de condenar X como um demônio e de redimir Y como um santo, mas apenas assinalar uma diferença clara entre A e B. A Microsoft e a Sony já não parecem mais falar a mesma língua quando falam de videogames. Não é só a Nintendo que é "excêntrica" em sua visão das coisas. De certa maneira, as três grandes empresas de videogame são três ilhas solitárias no meio do oceano.
EDIT:
[Respondendo alguns comentários]
Como eu já havia dito, o propósito do tópico NÃO foi de condenar X e absolver Y. Não há empresa "boazinha". Mesmo quando uma empresa faz doações para a caridade, esta ação nada tem a ver com um "coração cálido", mas (obviamente) apenas com uma ação "de caso pensado", algo estritamente hipócrita e oportunista.
Sendo assim, tanto a Sony quanto a Microsoft têm, ambas, culpa no cartório. Se a Sony não age pensando numa "netflixização dos videogames", é SOMENTE por não ser grande e nem independente da maneira como a Microsoft é. NINGUÉM disse aqui que uma empresa é má e a outra boazinha. Não se trata disso. Pelo amor de Deus.
Mas permanece um fato que, por mesmo serem empresas de tamanhos de mercado muito diferentes, os videogames têm diferentes significados para estas empresas, ocupando funções diferentes em suas pretensões corporativas. Não tem NADA a ver com fazer juízo de valor. Se a Sony tivesse o tamanho da Microsoft, também estaria fazendo as mesmas coisas que ela e na exata mesma proporção.
Este tópico quis apenas delinear esta diferença objetiva entre as duas, baseada no tamanho que as duas corporações têm. É errado pensar que o Xbox e o PlayStation encaram o mercado e os videogames da mesma maneira. Sim, a Sony também faz coisas questionáveis à maneira da Microsoft, mas não à sua proporção; não em seu sentido mais "holístico".
O enfoque da Sony ainda é primariamente lucrar com os videogames, mas a Microsoft, não. Ela quer privatizar o meio da nossa vida online, à semelhança da Amazon, (principalmente) do Google, do Facebook, da Apple e de outras megacorporações do Vale do Silício.
A única diferença entre a maneira com que a Sony e a Microsoft tratam os videogames está no tamanho de cada corporação. SÓ. Não tem NADA a ver com insinuar a superioridade moral de uma sobre a outra. Estão todas no mesmo barco corporativo moralmente corrompido.
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