Esse é mais um tópico aonde constata-se que direita e esquerda são iguais, ambas SOCIALISTAS. Ambas querem a mesmíssima coisa: controle. Enquanto uma (direita) é o controle na base identitária sangue-e-solo, a outra (esquerda) é em relação à renda e ao trabalho. (Sem contar que as duas também querem controlar os costumes, uns com base no cancervadorismo, outros no SJWismo. A política que se mapeia na internet hoje é assim.)
Ambas temem o marxismo de direita ou cibernético. A descodificação de todos os códigos, o que dá tela azul em todas as divisões arbitrárias. Os de direita gritam que ele é "esquerdista", e os esquerdistas bradam que ele é "de direita". Sua potência está na afirmação de que o capitalismo é a própria revolução. Seus fluxos, que humilham e pervertem a religião e a tradição, mas ao mesmo tempo destroem as relações de trabalho e transformam tudo em mercadoria, não devem ser freados ou domados, e pelo contrário, devem ser ACELERADOS, que é a sua própria natureza com a industrialização moderna.
Sua ontologia é que a natureza está em constante mutação e essa "entropia original" se transforma sempre. Mas todo fluxo tem uma parada, e na dinâmica humana, as instituições sempre foram maneiras de parar tais fluxos, já que eles geram uma instabilidade, e as pessoas necessitam de segurança, necessitam recalcar essas forças transformadoras e destrutivas.
Ainda assim, essa força destruidora-criadora, na formação histórica (humana) que chama-se capitalismo e aparece sob a forma do capital, é criadora do NOVO, da ABUNDÂNCIA, de uma REALIDADE ainda POR VIR, que "não vimos nada ainda". O capitalismo é um circuito de feedback positivo, no qual comercialização e industrialização excitam uma à outra em um processo descontrolado, que gera sempre um excedente, um "plus", que é reinvestido na produção e que se escala cada vez mais e mais, gerando evolução tecnológica, riqueza, bem-estar.
O capital, em última instância, em seu processo intrínseco de se dirigir contra a própria atualidade, conforme ele acelera para fora de si em seu movimento de autonomização [de se fechar e funcionar por si mesmo; que cresce apenas afim de crescer, nada mais], já tem uma tendência pós-capitalista, de conquistar a automação e abandonar a humanidade enquanto hospedeiro temporário. Em outras palavras, uma tendência de auto-replicação e auto-melhoria (precificar o mundo com mais exatidão, calcular riscos e expandir lucros).
Essas forças não estão apenas nas disrupções promovidas por startups ou investimentos de consolidados conglomerados, mas também estão na complexificação crescente da sociedade, redes de mercado negro de tráfico de drogas que investem em outros segmentos (e o cinismo do dinheiro aqui não faz distinção entre legal e ilegal, moral ou imoral, ele de qualquer maneira retroalimenta esse processo como consumo ou lucro), como também redes de migração e apoio que fazem remessa de dinheiro ao país de origem, que por vezes trabalham até como clandestinos no país que imigraram.
(Isso para ficar com dois aspectos econômico-trabalhistas ilegais e eu nem sequer entrei no campo cultural, de como a cultura "legal", também acelera esses fluxos e expande esses circuitos.)
O trabalho é uma mercadoria [o mercado de trabalho,
durr...] e o capital, para se acelerar, necessita do constante fluxo de bens, pessoas e dinheiro. O capital responde (ciber)positivamente à dinâmica quase darwiniana da interação crescente de elementos que se integram e geram cada vez mais conexões complexas. Como diz Edmund Berger, "o ciberneticista Ross Ashby vislumbrou em suas pesquisas sobre homeostatos: 'O único caminho para a estabilização é pela diminuição da variedade — reduzir o número de configurações que um agrupamento pode ter ao se reduzir o número de participantes e a multiplicidade de suas interconexões.'[v] A razão para isso é que um sistema de controle, independente da sua inflexibilidade ou da sua flexibilidade ou de quanto seu planejamento é centralizado ou descentralizado, funciona de uma maneira próxima a um homeostato: o movimento de um espectro de variáveis em jogo em direção a uma zona de equilíbrio para que se gere uma estabilidade generalizada ao longo do sistema".
Berger, assim como Deleuze, Guattari e Nick Land, advogam pela aceleração, que é "mais heterogênea, mais multiplicativa e menos conveniente para sistemas de controle". Os trabalhadores migrantes fazem parte desse grande processo e se o problema for a entropia e a reação de energia acumulada (violência, favelização, etc.), que a mesma dinâmica de mobilidade e dissipação de movimento redistribua espacialmente seus elementos, nem que seja brancos em seasteads nazistas (que são legítimas), mas ainda assim serão suscetíveis à perversão de redes complexas cibernéticas.
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