Parte do problema com esse game vem da errônea interpretação de seu gênero. Tem gente que o encara achando se tratar dum First Person Shooter, só porque a gente vê a arminha na tela e dá pra estoporar uns maloqueiros com um tambor modernoso de 38 nos peitos.
Esse game é um RPG Full, e poucos jogos vão tão profundamente nos tropes do gênero quanto ele. Ele é mais RPG que 90% das estrelas que mais se afamam como representantes do estilo.
Como qualquer RPG (vale também para certa linhagem de Adventures), seu design se beneficia enormemente do elemento Slow Burn, é aquela coisa meticulosa, com muito texto pra se ler (grande virtude do gênero, aliás, a maior de todas), exploração do tipo cata-sucata e arromba-gaveta, múltiplos personagens, caminhos, shops, conversas e desfechos.
Isso aqui é pra ser jogado no
mood correto: como é um jogo muito Hardcore, que assinala cada caixinha em cada elemento que compõe um trampo dessa vertente, deve ser encarado com o devido
set of mind, leia-se, deve ser jogado de forma Hardcore. Isso significa paciência e dedicação: leia todos os textos do Database, esgote todas as opções de diálogos, converse com todos os NPCs do cenário, faça todas as side quests, loote tudo, use da economia do game, ande vagarosamente pelos cenários, explorando cada seixo e trinca, dê SAVE a cada 3 passos, e, caso um desfecho não lhe agrade, dê Load, etc etc etc.
Como qualquer jogo muito Hardcore, ele não é nada Pick Up and Play, é pra se jogar de preferência sozinho, com a sala vazia, deixando o telefone na gaveta do banheiro.
Isso vai valer para qualquer RPG e para Adventures também, quando você vir alguém reclamando que
Horizon (RPG), Ghost of Tshushima (Adventure), Zelda BOTW (Adventure), Fallout 4 (RPG), Xenoblade (RPG), Persona (RPG), Days Gone (Adventure) ou Skyrim (RPG) têm o início lento, saiba que na verdade se trata duma grande virtude. Vale para Death Stranding também, e seu gênero inclassificável, tão único, mas chamemo-lo de "Atypical Adventure".
A estética atrai os fãs de
Cyberpunk e Shooter, e vai lá jogador de Overwatch e Splatoon entrar em bêco europeu oriental fuzilando geral os nacionalistas eslavos, só pra morrer em 4 segundos, ou sair pulando que nem uma galinha com o ovo entravado na cloaca, cenário afora, até o próximo Way Point, sem se deixar adsorver em seu mundo e ambiente.
Chorar é a solução.
Entre os "gamers" (bleh), o problema desse jogo é esse. Entre os críticos, queremos crer que saibam o que analisam (pior que não sabem), ninguém duma redação razoável vai dar Mankind Divided pra jogador de Fortnite, ele vai zerar a nota dizendo que é chato. Então, entre reviewers, o problema dele se dividiu em dois:
- Ele é inferior ao primeiro
- Tem muitos problemas técnicos.
Ainda assim, foi bem avaliado, porque é de fato excelente.