É uma questão interessante. Se por um lado temos a informação de que a Microsoft (assim como também a Sony) gostaria(m) de "acabar com o convencional conceito de novas gerações", dando a entender que preferem aderir a um novo "modelo de atualizações esporádicas de specs" (à la PCs); por outro, também temos a sensação da sua tese - de que estes novos Pro e Scorpio são na verdade uma "nova geração sem nova geração", ou seja, consoles significativamente mais potentes e exclusivistas, mas que ainda assim não se apresentam como uma "ruptura" em definitivo com o seu passado, o que fatalmente "alienaria" os novos compradores (de PS4 Pro e Scorpio) de seus mais antigos (de PS4 "standard" e Xbox One).
Como você bem disse, esta parece ser uma jogada para se "testar (preventivamente) as águas" na transição a um possível novo modelo de negócios no mercado de consoles, servindo como uma espécie de "termômetro" em geral para esta transição em potencial. A Microsoft nos diz que "ninguém ficará de fora", tacitamente nos sugerindo que não haverá exclusivos para o Scorpio, mas problemas ainda assim logo começam a emergir.
Se as specs do console forem realmente promissoras, eu acho difícil de imaginar a tentação de não se fazer exclusivos com gráficos estupendos para este novo console. Será que a Microsoft segurará mesmo a barra e só lançará upgrades em 4K dos mesmos velhos jogos do Xbox One de sempre? E se ele realmente for um "next generation à paisana"? Como vender este novo salto apenas dando ups de resolução e também movimentando o (relativamente) "estagnado" mercado de TVs 4K? São várias especulações possíveis ainda sem uma resposta em definitivo.
Se nós levarmos as intenções da Microsoft realmente ao pé da letra - de que não haverá mais "novas gerações" (ao menos não oficialmente) -, com o eventual upgrade do Scorpio, um problema óbvio logo nos salta à superfície: e o que acontecerá quando a diferença gráfica entre estas versões de consoles for tão severa quanto aquela facilmente observável entre um PS3 e um PS4? Como contornar as limitações da situação?
Eu vejo o futuro (infelizmente) da seguinte maneira: a extinção dos "consoles", e a adoção de um único aparelho funcionando à la serviço Onlive aperfeiçoado (isto é, via processamento remoto), onde upgrades de hardware seriam coisas do passado (pois que seriam fornecidos pela própria companhia de tempos em tempos, na figura da eventual renovação de seus servidores de computação em nuvem), e onde nós pagaríamos "apenas" uma "taxa de serviço" (ou uma espécie de Netflix mais encarecida), onde nenhum jogo de fato "nos pertenceria" ou seria verdadeiramente "nosso", e onde só teríamos acesso ou disponibilidade a um catálogo "sempre" (re)atualizado de jogos pré-selecionados. A ideia seria extinguir dois calcanhares de Aquiles de uma só vez do mercado de videogames: a necessidade da lenta formação de uma nova installed base a cada nova geração e, é claro, a pirataria (e se tem uma coisa que o Netflix via de regra costuma diminuir, é esta necessidade louca de piratear).