Não peguei essa do genocídio ser obra da Ymir e não do Eren... Como assim?
Durante a conversa com o Armin, o Eren afirma ter tentado resolver a situação de outras maneiras mas que era impossível, os demais desfechos eram piores (ele e a Mikasa fugirem e viverem sozinhos era um caminho alternativo, não apenas um sonho... era uma alternativa real mas o resultado seria pior (apesar de não nos ser revelado)).
Dentro do caminho que levaria ao melhor desfecho, as coisas aconteciam sempre da mesma forma em que existiam nos caminhos (ele presenciava passado, presente e futuro, tudo ao mesmo tempo)... segundo o Eren, a única pessoa capaz de libertar a Ymir e encerrar o ciclo era a Mikasa, e a única forma disso acontecer era através do genocídio.
O genocídio e a luta final levaram a Mikasa a matar o Eren, e esse ato foi o que libertou a Ymir do seu voto com o Fritz (que o Zeke controlava). Libertar a Ymir era a única maneira de acabar com o poder dos titãs "em definitivo". Tinha o plano do Zeke, mas não havia garantias de que funcionaria, seja por conta da Ymir, seja por conta do bicho primordial lá (a lagarta da cabeça do Eren, não lembro o nome), seja por outros motivos. O melhor desfecho foi aquele que o Eren trilhou e teve que trilhar.
O Eren diz algo como: "Você estava certo, Armin, eu sou um escravo da liberdade". Então ao mesmo tempo em que ele tinha algum livre arbítrio, ele também não tinha como escapar do que já estava traçado.
Nesse sentido, o Eren se "sacrificou" perante a vontade da Ymir pra que seus amigos o parassem. Ele diz a eles: "Eu não pararei o "Rumbling" mas não os impedirei de tentar me parar".
Durante o ataque final nas costas do Eren, não era ele quem estava invocando os titãs passados para atacar Mikasa e companhia, era a Ymir. Era ela atacando para impedi-los. Quando o bicho lá engole o Armin e ele se encontra com o Zeke, o Zeke diz: "A Ymir te engoliu também...".
O que se tira disso é que a Ymir queria a morte e destruição de tudo, o que a impedia era o voto do rei Fritz. O Eren foi o catalizador da quebra do voto, serviu de fantoche para a real motivação da Ymir e se sacrificou para colocar um fim nisso.
A Ymir só assumiu o controle do Eren depois de se juntarem nos caminhos, mas até então, o Eren agia de acordo com as memórias do titã fundador, cumprindo aquilo que precisava cumprir após ver passado, presente e futuro quando tocou a mão da História. Tanto cumpriu que se viu obrigado a retroativamente sacrificar a própria mãe para salvar o Berthold no primeiro ataque às muralhas na Season 1 quando direcionou a ex mulher do pai dele pra outro lugar.
Enfim, é uma confusão do c***lho, kkkkkkk. O Eren, como indivíduo, no fundo, continuava sendo o idealista que odiava os titãs e que amava a liberdade e seus amigos. Ele recebeu os poderes de titã e, junto dos poderes, teve seu destino traçado, tornando-se um escravo do próprio poder e da vontade que regia esse poder. O livre-arbítrio do Eren, se é que existia, era limitado àquilo que não interferiria no "destino traçado" dos caminhos, ou seja, na vontade da Ymir.
A questão do livre arbítrio limitado dele como indivíduo pode ser vista por exemplo na história do menino muçulmano que ele matou esmagado... ele salvou o menino que estava apanhando por roubar, mesmo sabendo que o mataria depois. Ele se diz hipócrita por salvar o menino, já que nada mais importa (lembra Dostoievsky em Irmãos Karamazov e Crime e Castigo), mas o salva por suas próprias convicções, independentemente no niilismo.
Um adendo: tava lendo discussões sobre o negócio do Eren nunca conseguir mudar o rumo das coisas e um lugar onde isso talvez possa ser visto é na morte da Sasha, onde ele começar a rir loucamente depois de perguntar para o Connie quais foram as últimas palavras dela: "Carne". Ele sabia de antemão o que aconteceria e foi incapaz de mudar, as últimas palavras foram a confirmação de que tudo aconteceu exatamente como ele viu que aconteceria.