O que ocorreu foi simples, e grave. Muito, muito mais grave que muitos idiotas que estão comemorando perceberam.
O STF determinou que é crime punível com prisão em flagrante e antes de qualquer julgamento o ato de criticar e/ou xingar burocratas do estado.
Prenderam um deputado por falar, não interessa se ele ameaçou alguém ou recitou T. S. Eliot, o mero fato de "falar" só é crime passível de prisão em lugares como Mianmar, China, Cuba e outros estandartes do desenvolvimento humano.
Mas o STF foi além, Marco Aurélio, que infelizmente está longe do estoicismo do seu homônimo, e outros ministros ameaçaram o parlamento de maneira nada sutil, e uma câmara humilhada e acovardada se curvou em genuflexão absoluta ao poder supremo do bostil. Alguns inclusive, vieram com discursos enaltecendo e prestando vassalagem a corte suprema, de forma semelhante a um cão querendo um aceno do dono.
É de conhecimento público que o STF pode "não julgar o processo" indefinidamente aqueles que se comportarem na coleira, tipos como Renan Calheiros, Lira, Maia, Flávio Bolsonaro e muitos outros próceres da política se enquadram e se encaixam nessa coleira. Em outros lugares, sem pompa ou lagosta, chamam esse modelo de chantagem mesmo, no STF não sei que nome usam.
É triste, se um parlamentar, eleito para justamente para realizar o ato de parlamentar(falar) livre de censuras ou crime de opinião é encarcerado pelo ato de falar, imagina o que estes burocratas farão com um cidadão comum.
O oligóide que comemora efusivo o "bolsonarista que se fodeu", se esquece que esse precedente será usado contra ele, jornalistas, blogueiros e demais comunicadores que desejarem a morte de Bolsonaro, que o ameaçarem de alguma maneira vaga ou que desejarem que o mesmo sofra um acidente serão silenciados, presos e esmagados pelo estado, nesse exato momento tanto o AGU quanto a PGR estão pensando em maneiras engenhosas de aplicar o precedente do supremo contra seus inimigos.
Triste também ver que Daniel foi jogado aos leões, quem já comandou um grupo ou uma tropa sabe que a lealdade e a coesão são mantidas quando os integrantes entendem que "ninguém fica pra trás", quando a regra é cada um por si não existe lealdade, e traições e defecções são comuns e esperadas, Bolsonaro abandonou um soldado ferido em território inimigo, isso no meu entendimento é falha de caráter e depõe mais contra ele que o fato de ter encarnado a Dilma e interferido na petrobras.
Seja como for esse é o brasil hoje, experimente alguém usar redes sociais para xingar um ministro do supremo, a mera idéia causa apreensão e medo, e quando isso ocorre a liberdade morre um pouco, muito em breve xingar não só o STF, mas prefeitos, juízes, promotores, vereadores e outros burocratas funcionários públicos será crime antidemocrático e o perigoso criminoso será enjaulado sem julgamento.
Alguns na imprensinha eunuca já entenderam onde se enfiaram, aqui e ali, com muito jeitinho enfiam um "decisão polêmica", um "controverso", um "não é consenso na comunidade jurídica"; com muito jeitinho e muitas aspas, pois esses valentes não querem ser os próximos presos e calados em nome da democracia.
O notório colunista da Folha Helio Schwartsman, já processado com base na lei de segurança nacional por desejar a morte de Bolsonaro e candidatíssimo a prisão pelo precedente do STF se saiu com essa hoje:
"Eu desaprovo o que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dizê-lo". A frase é creditada a Voltaire, mas ele nunca a escreveu. O aforismo, porém, resume o pensamento do filósofo em relação à liberdade de expressão: ela precisa valer independentemente de concordarmos com o conteúdo do que é dito.
Eu discordo de cada palavra proferida pelo deputado federal Daniel Silveira e não tenho dúvida de que, ao atacar os ministros do STF, ele cometeu crimes contra a honra dos magistrados (se está coberto pela imunidade parlamentar é uma bela discussão jurídica).
Silveira pode também ter comedido delitos mais graves, tipificados na famigerada Lei de Segurança Nacional, mas é aí que a porca torce o rabo. Penso que não basta falar mal da democracia e das instituições para caracterizar esses crimes. Se bastasse, teríamos de banir Platão das bibliotecas. Para que uma fala antidemocrática constitua ilícito, é preciso que ela ocorra em um contexto em que ponha a democracia em risco real e iminente."
Ele está com medo, e deveria estar mesmo, afinal falar o que pensa hoje no bostil pode te levar, em nome da democracia é claro, a ser preso, silenciado e cassado, antes mesmo de ser julgado.