RIO DE JANEIRO
EXCLUSIVO Idosos sofriam maus-tratos em casa de repouso de R$ 4 mil na Freguesia
Internos não eram alimentados ou higienizados adequadamente
Casa de idosos fica na Freguesia, Zona Oeste do RioArquivo pessoal/ Agência O DIA
POR BEATRIZ PEREZ
Publicado 20/05/2021 17:21 | Atualizado 20/05/2021 17:24
Rio - Familiares de idosos denunciaram uma casa de repouso na Freguesia, Zona Oeste do Rio, após descobrirem que seus pais estavam sofrendo maus-tratos. Os idosos não estavam sendo alimentados adequadamente. Durante o café da manhã, recebiam biscoito de água e sal, ou farinha com água. A filha de um idoso conta que pagava R$ 4 mil por mês para que o pai recebesse atendimento na casa, mas o homem comia apenas arroz e feijão durante as refeições. Higiene e atendimento médico também eram negligenciados na unidade, segundo a denúncia.
Idosa foi fotografada andando nua por unidadeArquivo pessoal/ Agência O DIA
O metalúrgico aposentado Jorge ficou assustado quando lhe enviaram uma foto de sua mãe andando nua pela casa de repouso. Com 87 anos, a idosa tem demência e Alzheimer, que ficou agravada após mais de um ano em que sua mãe ficou no local. Ele conta que gastou mais de R$ 70 mil com a estadia.
"Minha mãe entrou de um jeito e saiu de outro. Coloquei na casa de repouso porque não tinha condições de ela ficar sozinha em casa. Eu ia quase todo dia ao local. Estranhava que sempre demoravam para abrir a porta. Com a pandemia, eu entrava, mas não subia para o quarto dela", conta o homem de 63 anos.
Foi uma idosa que também morava na casa de repouso que alertou o aposentado sobre a situação de sua mãe. A colega enviou fotos em que dona Deolinda estava com a barriga com sarna. "Ela estava andando pelada, com sarna. Em uma época faltou luz e deram banho gelado nos idosos. Ela passava fome", denuncia o filho. Jorge acrescenta que a mãe ficava com a roupa suja de urina e até com as unhas sujas de fezes. Ele aponta que havia poucos cuidadores, cerca de cinco, para darem conta de dezenas de idosos.
A expectativa de Jorge é que alguma providência seja tomada e que os idosos que permanecem no local não passem pelo que sua mãe passou. "Mudei minha mãe de casa assim que soube. Ela se recuperou. Se ficasse nessa casa, ela morreria. Quando visitei, achei que a casa seria boa. Era perto da minha casa e eu poderia estar todo dia perto dela. Mas, por trás mal-tratavam demais", relata.
A filha de um idoso que residiu na casa conta que também luta para que os outros idosos não permaneçam na situação de insalubridade.
No registro de ocorrêcia, os denunciantes relatam que a clínica oferece um tratamento desumano aos internos. Há irregularidades no preparo da alimentação, com substituição de cozinheiros por faxineiros, cuidadoras desprovidas de preparo técnico, ausência de atendimento médico presencial, aposentos sujos com sinais de infestação de ratos e baratas. Também foi informado que pessoas sem qualificação receitam e ministram medicamentos controlados, já que os receituários ficam com carimbo do médico.
Procurada, uma representante da clínica Residencial da Terceira Idade negou as acusações e disse que seu advogado entraria em contato com a reportagem. O espaço está aberto para manifestação.
A Polícia Civil e a Vigilância Sanitária do Rio foram procurados, mas não retornaram até a publicação deste texto. O espaço está aberto para manifestação.
Internos não eram alimentados ou higienizados adequadamente
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