Berofh Erutron
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Usarei novamente uma postagem antiga minha, para expressar minha perspectiva sobre o tema.
Na minha opinião, a perspectiva dessa discussão aqui sempre começa de forma equivocada.
A intensão é claramente traçar um paralelo para inferiorizar a oposição sócio/política/filosófica. Não passa de uma visão sofisticada do uso da "cartada Hitler" para ganhar uma discussão na internet, nada mais. A época e a cultura das regiões nunca são realmente colocadas em pauta.
Culturalmente o Nazismo foi um movimento nacionalista, conservador de "resgate cultural" e unido ao coletivismo étnico. A ideia não era progredir para algo novo, para um novo sonho coletivista, mas resgatar o passado Germânico grandioso, juntamente com o poder para o povo Germânico, em um sonho coletivista.
Os pilares motivacionais de Hitler não eram econômicos. A base do partido Nazista já existia, mas a perspectiva "Hitleriana" era uma interpretação militarista, étnica e de resgate nacional Germânico inspirado pelas obras de Nietzsche, Franz Von Stuck e Wagner (fantásticos artistas e pensadores, com suas obras mal compreendidas por um governante falho e narcisista).
O peso cultural filosófico e artístico nas decisões do partido Nazista sob o a estrela de Hitler era muito maior do que no Comunismo de Lenin e Stalin, um movimento mais focado no aspecto social/político direto, porém tão, ou mais autoritário que o Nazismo. A encarnação russa do Comunismo derrubava uma elite que na verdade fazia parte da história e do passado Russo. A elite que o Nazismo desejava glorificar era pertencente ao passado Germânico, simbolizando o povo alemão, colocando um basta na elite estrangeira dos Judeus e gerando uma afronta ao sistema bancário mundial.
Hoje em dia, o partido Nazista seria visto como um partido nacionalista contrário ao globalismo. A união soviética possuía o intuito de ser a estrela do seu próprio globalismo. Claro, levando a época e as regiões em consideração.
Graças as raízes coletivistas (étnicas no caso do Nazismo, circunstancial no caso do proletariado no Comunismo), ambos são contrários a uma visão liberal social, liberal de mercado e libertária. A divisão binária "esquerda" e "direita", cria pontes e similaridades em relação aos dois regimes.
O Alt-Right atual possui a valorização da "política de identidade", a união da consciência étnica dos brancos descendentes de europeus nos EUA. Isso é um paralelo claro com a perspectiva étnica do Nazismo. Veja, eu me refiro ao Alt-Right, não ao Alt-Light. Eu não estou falando que o Alt-Right é Nazista, mas a importância dada ao tema racial é um fator integral do movimento.
Os movimentos afro também possuem uma perspectiva de identidade étnica, mesmo sendo dos "injustiçados" (leve em consideração que os Alemães se sentiam injustiçados pelos Judeus, Norte Americanos e outros povos). Diferente do Alt-Right, são movimentos de Esquerda, mas de diferentes formas, ambos adoram o coletivismo étnico. Veja bem, eu não estou aqui demonizando o coletivismo étnico, mesmo que pessoalmente veja como um ato improdutivo que mais gera problemas do que soluciona.
Tanto o PT, quanto a bancada Evangélica e políticos militaristas, aqui no Brasil, atuam com o intuito de um suposto resgate cultural.
O PT e a esquerda regressista caem no conceito conservador de resgate cultural gerado pela Semana de Arte Moderna de 22, onde um passado artificial foi gerado (para uma nação sem um passado cultural realmente estabelecido), onde boas ideias artísticas foram geradas, mas infelizmente se tornaram estagnadas e absolutamente limitantes no Brasil, são ideias que formam o conceito de "brasilidade". Lembra aquelas faixas da Trama (gravadora), onde um groove eletrônico simples ficava tocando de fundo, juntamente com acordes que remetessem a bossa nova e um vocal "descontraído" cantava coisas como "SAMBA, MORENA, EU SOU BRASILEIRO"? Não existe síntese melhor para retratar essa "imagem de resgate cultural do povo brasileiro" como políticos do PT, entretenimento popular e figuras que usam pseudônimos como "A Socialista Morena".
A ideia de brasilidade foi gerada e não desenvolvida naturalmente e é utilizada para formar uma estética, um pano de fundo para o coletivismo de um dos lados.
Mas os políticos militaristas e de fundo religioso não são muito diferentes, pregam um resgate moral e cultural, com aspectos extremamente ligados ao Protestantismo Pentecostal (que é relativamente novo no Brasil), mesmo quando disfarçado de Catolicismo. Assim como a turma do "Samba, Morena, eu sou Brasileiro", a perspectiva é coletivista. O povo brasileiro é visto e taxado como um tapete uniforme (pelos dois lados), onde a imagem do povo unido (seja pela moral, seja pela etnia) é mais importante do que a liberdade pessoal e uma verdadeira noção de responsabilidade (perante o próximo e perante ao meio ambiente). Quando separamos os injustiçados dos opressores, quando separamos o homem de bem do marginal, quando incluímos a possibilidade do "verdadeiro brasileiro", o coletivismo resurge, a liberdade e a responsabilidade individuais são diluídas. O conservadorismo protestante nos EUA faz mais sentido, pois foi um pensamento que veio já com os imigrantes, mesmo assim, não é possível comparar com a realidade do velho mundo.
Na Alemanha e no velho mundo no geral, o resgate Nazista faz sentido, pois existia uma grande história, um passado ornamentado, que simplesmente não existe no Brasil. Sendo assim, o resgate cultural não é somente improdutivo aqui, mas ilusório. Desenvolvimento cultural, social e de mercado são os pontos que realmente contam no Brasil.
Caindo no simplismo absoluto:
Perante o Comunismo de Lenin e Stalin, o Nazismo pode ser visto como um movimento de direita.
Perante o governo Norte Americano da mesma época, o Nazismo pode ser visto como de esquerda.
Fica claro que por inúmeros motivos, a perspectiva socio política no novo mundo já era bem diferente da perspectiva Europeia.
No Neo-Nazismo, alguns grupos se declaram de direita e favoráveis a família e propriedade, outros uma terceira via, focando mais no resgate pagão e cultural.
O grande hiato nesta análise, na linha contemporânea do seu apontamento, seria não considerar a diferença que existe na aplicações da Lei no sentido: Aos indiferentes todos os rigores da Lei, aos inimigos nem esta.
Resultante vista hoje no Brasil, onde a Lei, em um pressuposto estado de exceção, faz da dita "justiça" um deleite contumaz da direita, e isso é fato.
No tópico da condenação de lula postei sobre isso e não houve um quote.
res non verba.
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