Pingu77
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Há muito tempo eu tenho vontade de provocar essa discussão, mas nunca tive saco de começá-la. Entretanto, com a recente polêmica envolvendo o "beijo gay" entre o popular personagem Félix (vivido por Mateus Solano) e Niko (interpretado por Thiago Fragoso) na novela "Amor à Vida" da emissora Globo, percebi que era um bom momento para iniciá-la.
Primeiramente é de conhecimento de todos que o Brasil é um país extremamente homofóbico e violento contra homossexuais, segundo dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, através de informações coletadas em jornais, revistas e outros meios, o Brasil figura em especial posição entre os países mais violentos contra homoafetivos, bissexuais e transsexuais, que mostra que várias mortes foram provocadas por conta da opção sexual da vítima.
A violência, aversão e mesmo a negação por parentes ainda são problemas constantes para uma sociedade que tem na ideia essencial de justiça, a igualdade e a tolerância. Apesar disso, o Brasil parece que vem seguindo uma tendência que é observada no mundo, desconexa, mas inegável sinal dos novos tempos. Algumas datas emblemáticas:
- Brasil - maio de 2011 - Supremo Tribunal Federal, com 100% dos votos dos ministros, reconhece união estável a casais com pessoas do mesmo sexo.
- França - abril de 2013 - Assembleia Nacional da França aprovou o projeto de lei que autoriza o casamento gay e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo.
- EUA - junho de 2013 - Suprema Corte dos EUA derruba lei que não reconhecia casais homossexuais, agora garante benefícios federais a parceiros homoafetivos e abre brecha para a discussão do casamento gay nos estados da federação.
Na sociedade brasileira, antes desse reconhecimento e a vitória da "causa gay", é importante analisar um interessante percurso:
- Em 2011 o então deputado federal do RJ Jair Bolsonaro pelo Partido Progressista ajudou a derrubar o denominado "kit gay" (no mesmo ano deu declarações racistas, sexistas, sendo a favor de tortura e da ditadura militar no Brasil).
- Em 2013 o deputado federal de SP Marco Feliciano pelo Partido Social Cristão assumiu a Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, que além das declarações racistas e homofóbicas, provocou polêmica quando tentou votar um projeto que anulava uma resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe profissionais da área de oferecerem "tratamento para a homossexualidade".
Na minha interpretação, essas duas figuras foram até vantajosas para o avanço de toda a discussão, apesar da lamentável situação do Bolsonaro em um sexto mandato consecutivo, o que indica que suas ideias têm grande representatividade, foi incrível a repercussão desse tema na imprensa e nas redes sociais. Hoje poucas pessoas defendem ideais homofóbicas sem sentirem vergonha ou medo de reprovação, e isso é um sinal extremamente positivo, apesar de toda violência e ainda essas ideias perniciosas circularem na sociedade.
Félix de Amor à Vida, talvez o personagem homossexual mais denso que a dramaturgia brasileira já produziu, que mesmo quando era mau antes de alcançar a redenção, no alto de seu orgulho comoveu a todos com a fragilidade de sua condição humana por ser negado pelo pai porque era homossexual, foi uma figura que só refletiu todo esse processo que sucedeu personagens homoafetivos que eram simples vítimas ou coadjuvantes caricatos em um núcleo que visava o alívio cômico.
E em todo esse percurso, é inegável o papel da imprensa e da mídia de uma maneira geral, que de maneira ora explícita, ora implícita, se posicionou sobre esse tema com bastante bom-senso destacando a atuação desses políticos reacionários e dos casos de violência contra homoafetivos ou transgêneros. Por isso, os grandes questionamentos que eu faço aqui são: por que a mídia não levanta outros assuntos sociais com a mesma ênfase, levando em conta tal eficácia observada anteriormente?
Por que a sociedade brasileira, principalmente as camadas médias que se julgam mentes abertas, não consegue perceber a razoabilidade de outras discussões que são levantadas por movimentos sociais, estes recebidos com escárnio ou hostilidade? A questão das mulheres, por exemplo, e dos movimentos feministas. Ou a discussão sobre o humor, o preconceito em relação ao funk, etc...
Evidente também que parte da reação é compreensível dado o grau da condição dos homossexuais e transsexuais (estes últimos ainda são mais oprimidos) comparado às mulheres, por exemplo. O homossexual e o transsexual sempre foram clandestinos, odiados por si mesmos, enquanto a mulher está ali, é amada e ao mesmo tempo odiada. É uma relação muito mais ambivalente, assim como as outras situações.
Entretanto, o questionamento permanece. Por que a sociedade brasileira, principalmente as classes que se acham instruídas, precisam da imprensa e da mídia denunciando e expondo questões sociais, que eles abraçam mais tarde, se eles mesmos ignoram ou não conseguem compreender outras dessas situações iguais na essência, isto porque justamente são camadas que se julgam instruídas, tanto na hora do voto, quanto pelo conhecimento em si mesmo?
Só quero lembrar aos senhores que aqui mesmo nesse fórum, e mesmo "lá fora", há pouco tempo atrás a classe-média progressista via com indiferença ou se omitia diante da "causa gay", isso sem mencionar os que expressavam ideias homofóbicas abertamente.
Primeiramente é de conhecimento de todos que o Brasil é um país extremamente homofóbico e violento contra homossexuais, segundo dados da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, através de informações coletadas em jornais, revistas e outros meios, o Brasil figura em especial posição entre os países mais violentos contra homoafetivos, bissexuais e transsexuais, que mostra que várias mortes foram provocadas por conta da opção sexual da vítima.
A violência, aversão e mesmo a negação por parentes ainda são problemas constantes para uma sociedade que tem na ideia essencial de justiça, a igualdade e a tolerância. Apesar disso, o Brasil parece que vem seguindo uma tendência que é observada no mundo, desconexa, mas inegável sinal dos novos tempos. Algumas datas emblemáticas:
- Brasil - maio de 2011 - Supremo Tribunal Federal, com 100% dos votos dos ministros, reconhece união estável a casais com pessoas do mesmo sexo.
- França - abril de 2013 - Assembleia Nacional da França aprovou o projeto de lei que autoriza o casamento gay e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo.
- EUA - junho de 2013 - Suprema Corte dos EUA derruba lei que não reconhecia casais homossexuais, agora garante benefícios federais a parceiros homoafetivos e abre brecha para a discussão do casamento gay nos estados da federação.
Na sociedade brasileira, antes desse reconhecimento e a vitória da "causa gay", é importante analisar um interessante percurso:
- Em 2011 o então deputado federal do RJ Jair Bolsonaro pelo Partido Progressista ajudou a derrubar o denominado "kit gay" (no mesmo ano deu declarações racistas, sexistas, sendo a favor de tortura e da ditadura militar no Brasil).
- Em 2013 o deputado federal de SP Marco Feliciano pelo Partido Social Cristão assumiu a Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, que além das declarações racistas e homofóbicas, provocou polêmica quando tentou votar um projeto que anulava uma resolução do Conselho Federal de Psicologia que proíbe profissionais da área de oferecerem "tratamento para a homossexualidade".
Na minha interpretação, essas duas figuras foram até vantajosas para o avanço de toda a discussão, apesar da lamentável situação do Bolsonaro em um sexto mandato consecutivo, o que indica que suas ideias têm grande representatividade, foi incrível a repercussão desse tema na imprensa e nas redes sociais. Hoje poucas pessoas defendem ideais homofóbicas sem sentirem vergonha ou medo de reprovação, e isso é um sinal extremamente positivo, apesar de toda violência e ainda essas ideias perniciosas circularem na sociedade.
Félix de Amor à Vida, talvez o personagem homossexual mais denso que a dramaturgia brasileira já produziu, que mesmo quando era mau antes de alcançar a redenção, no alto de seu orgulho comoveu a todos com a fragilidade de sua condição humana por ser negado pelo pai porque era homossexual, foi uma figura que só refletiu todo esse processo que sucedeu personagens homoafetivos que eram simples vítimas ou coadjuvantes caricatos em um núcleo que visava o alívio cômico.
E em todo esse percurso, é inegável o papel da imprensa e da mídia de uma maneira geral, que de maneira ora explícita, ora implícita, se posicionou sobre esse tema com bastante bom-senso destacando a atuação desses políticos reacionários e dos casos de violência contra homoafetivos ou transgêneros. Por isso, os grandes questionamentos que eu faço aqui são: por que a mídia não levanta outros assuntos sociais com a mesma ênfase, levando em conta tal eficácia observada anteriormente?
Por que a sociedade brasileira, principalmente as camadas médias que se julgam mentes abertas, não consegue perceber a razoabilidade de outras discussões que são levantadas por movimentos sociais, estes recebidos com escárnio ou hostilidade? A questão das mulheres, por exemplo, e dos movimentos feministas. Ou a discussão sobre o humor, o preconceito em relação ao funk, etc...
Evidente também que parte da reação é compreensível dado o grau da condição dos homossexuais e transsexuais (estes últimos ainda são mais oprimidos) comparado às mulheres, por exemplo. O homossexual e o transsexual sempre foram clandestinos, odiados por si mesmos, enquanto a mulher está ali, é amada e ao mesmo tempo odiada. É uma relação muito mais ambivalente, assim como as outras situações.
Entretanto, o questionamento permanece. Por que a sociedade brasileira, principalmente as classes que se acham instruídas, precisam da imprensa e da mídia denunciando e expondo questões sociais, que eles abraçam mais tarde, se eles mesmos ignoram ou não conseguem compreender outras dessas situações iguais na essência, isto porque justamente são camadas que se julgam instruídas, tanto na hora do voto, quanto pelo conhecimento em si mesmo?
Só quero lembrar aos senhores que aqui mesmo nesse fórum, e mesmo "lá fora", há pouco tempo atrás a classe-média progressista via com indiferença ou se omitia diante da "causa gay", isso sem mencionar os que expressavam ideias homofóbicas abertamente.