Pode ser uma experiência muito interessante, não somente pela questão da produtividade mas também pela saúde dos funcionários. No século XIX era absolutamente normal os empregados trabalharem mais de 60 horas por semana e chegarem a desmaiar de cansaço e fome, tanto a pressão sindicial quanto a evolução tecnológica permitiram a redução da carga horária de trabalho para as 40 horas atuais. Nos países desenvolvidos as 40 horas semanais de um empregado tem maior produtividade do que as 60-80 horas de alguém daquele período.
É fato que essas 40 horas é uma convenção criada pelo sindicalismo e pelas leis trabalhistas do período da virada do século XIX e XX, é interessante repensar essa rigidez no conceito de tempo relativo ao trabalho. A própria noção de associar trabalho ao tempo nasceu com a era moderna, quando os relógios passaram a dominar as torres das cidades invés do campanário das igrejas. Anteriormente a esse período, na idade média, o trabalho era medido pelo resultado, havia épocas de maior pressão pelo trabalho e outras de maior tempo livre. Um camponês trabalhava muito menos do que qualquer homem do nosso tempo.
Com o acesso remoto e o desenvolvimento da tecnologia o conceito de trabalho está mudando. É fato que das 40 horas semanais o empregado de fato não trabalha 40 horas, grande parte desse tempo é usado para afazeres correlatos, desde tomar café até fazer networking, que acaba por ter um valor maior do que o próprio trabalho. Há muita aresta e perda de tempo com coisas desnecessárias.
Quando me refiro a saúde é o próprio desgaste pelo stress, começa no trânsito, se estende pela péssima relação entre os funcionários e vai até o trabalho proprieamente dito, já que há muitos problemas de prazo e distribuição das tarefas, ocorre de poucos funcionários que realmente trabalham carregam a empresa nas costas enquanto outros encostados se mantém apenas pelo networking. Quantas pessoas não sofrem de crise do pânico, problemas cardiácos, depressão etc por conta do trabalho? Como alguém com com problemas psciológicos e físicos irá produzir bem? Toda essa pressão acarreta em problemas graves de saúde, ou acabam pesando sobre a empresa, quando essa oferece planos de saúde, além de perderem um bom funcionário, ou para a sociedade como um todo em países nos quais o Estado possui um sistema público de saúde, pesando no bolso do erário público.
Prefiro esperar pra ver, acho a proposta um pouco descabida ao continuar concentra-se no tempo, invés da produtividade ou do resultado. Entendo que há empresas que não há outra forma de trabalhar, como lojas e restaurantes, ainda assim é uma experiência que valerá a pena acompanhar.