Duolks
Ei mãe, 500 pontos!
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Certo, agora sim estamos debatendo as questões morais e éticas e justificativa.
Se você criou algo, uma ideia, você pode vende-la sim, mas isso não significa que essa ideia seja sua "propriedade".
O seu raciocínio vale para aquilo que é de fato uma propriedade, aí sim temos uma justificativa ética para tal.
A ideia de títulos de propriedade só existe para evitar conflitos por recursos escassos, estabelecendo lógica e racionalmente quem deve ser o proprietário de algo.
Ideias não são escassas, portanto não precisam de títulos de propriedade.
Exemplificando:
Se eu crio um assobio e alguém me copia, essa pessoa não está "roubando" minhas cordas vocais nem os meios materiais para que eu continue assobiando.
Se eu crio uma história e a escrevo num caderno, e alguém copia ela, o meu caderno continua existindo como minha propriedade. Minhas ideias e meus pensamentos também continuam na minha mente. Nada foi subtraído de mim.
Agora se alguém me toma esse meu caderno contra minha vontade, aí sim consideramos roubo, eu fiquei sem a minha propriedade, sem o meu caderno. Consegue perceber a diferença?
A ideia de justa propriedade tem como justificativa a escassez. Senão houvesse escassez, não seria necessário o conceito e a justificativa ética de propriedade. Querer justificar "propriedade intelectual" seria o mesmo que querer controlar pensamentos. Uma abominação.
Lembrando que isso de forma alguma segue que você é obrigado a compartilhar suas ideias. Você pode mante-las para si, você pode criptografá-las. Os meios dos quais você divulga suas ideias, aí é de sua escolha. Se você cria um jogo, você não é obrigado a compartilhar o código com todos. Pois isso seria forçar o uso de sua propriedade (os recursos escassos que você utiliza para divulgar suas ideias).
E por fim, você pode simplesmente achar imoral copiar uma ideia ou não dar o devido crédito ao autor. Porém moral é subjetiva. Já a ética busca ser universalizável. Definir de forma racional o conceito de certo e errado. E se você já utiliza uma ideia de título de propriedade para justificar o seu ponto, nesse momento você já deturpou o conceito de propriedade privada.
Novamente eu entendo seu ponto, e entendo o conceito, ou pelo menos acho que entendo mas acho que ficou em parte desatualizado devido a própria evolução da humanidade... lembrando que não estou falando da ideia em si, e sim do produto gerado por essa ideia, seja palpável ou não.
Meio que fica a questão que eu disse, pensando no ponto de vista da sociedade, de que bem tem uma ideia que não seja compartilhada? O que é melhor para a humanidade alguém descobrir algo e guardar para si já que não tem beneficio em vender ou mesmo que pode se tornar inviável em casos de vc ter que ocultar a produção daquilo se possível ou ter alguma garantia social que aumente a expectativa de lucro desse bem?
Esse argumento já é puramente utilitarista, e não se respalda na ética. Mas vamos lá:
Por essa linha de pensamento, as invenções só começaram a pouco mais de 100 anos? (quando as leis de propriedade intelectual foram adotadas). Antes disso nunca houve nenhum avanço tecnológico ou científico?
É claro que eles ainda assim produziriam os remédios. Devido ao conceito de preferência temporal (em economia). O primeiro a adentrar o mercado sempre tem vantagens comparativas aos demais.
Até que os concorrentes façam engenharia reversa nos remédios, os primeiros já ganharam uma boa fatia do mercado e mais do que recuperariam o investimento. Isso por si só já seria uma grande vantagem em relação aos demais concorrentes.
Fora o fato de que mais de uma companhia poderia investir conjuntamente para chegar ao resultado (diminuindo os custos para todos eles).
Esse seu cenário já ocorre: veja a indústria da moda.
Lá as cópias correm soltas e a indústria está cada vez mais forte. A cada ano surgem novas grifes e consumo de roupas de uma marca específica só aumenta (exceto em épocas de crise econômica, obviamente).
No ramo da moda, as cópias ocorrem da noite pro dia, e no entanto trata-se de uma das indústrias mais lucrativas do mundo. Não há absolutamente nenhum tipo de direito autoral ou de patente. Mais ainda: você pode comprar cópias de roupas e bolsas de enorme qualidade, e ainda assim as marcas originais continuam ganhando fábulas de dinheiro.
E os grandes nomes da sua indústria são podres de rico. E todas as suas obras são copiadas livremente. Não há absolutamente nenhum tipo de propriedade intelectual, os produtos piratas e baratos abundam, e mesmo assim os lucros das grandes seguem intactos.
O ponto nesse caso acho que é justamente o tempo, antigamente como vc disse um remédio levaria um tempo razoável para ser reproduzido oq geraria e gerava uma margem de lucro que compensava sua criação, inclusive devido a falta de velocidade de passagem de informação você poderia investir parte desse lucro e lançar o mesmo em outra região ainda sendo praticamente uma novidade, já hoje sem patentes esse mesmo remédio no tempo dele ser aprovado para consumo humano no seu pais de origem, já literalmente todos os laboratórios interessados o teriam copiado no mundo todo, se bobiar já estaria inclusive circulando em algum lugar.
Isso vale para quase todos os produtos de antigamente, já que a velocidade e a capacidade de analise para se gerar uma cópia era absurdamente menor, é um contra ponto da evolução da humanidade, nos hoje passamos informação rápido demais e em proporções globais e podemos decompor produtos complexos em horas na pior das hipóteses.
Seu exemplo da moda, justamente o fato de ser um original que atrela um valor extra ao produto, ele é um bem palpável e envolve ego, tradição entre outras coisas, teoricamente um estilista já famoso pode comprar um produto em uma lojinha de esquina e revender com sua marca que devido a sua associação a roupinha de 10 reais vira de 500 no mesmo instante.
Agora em um exemplo em outra postagem sua, o próprio Shakespeare ficou rico vendendo suas peças para as casas em Londres, mesmo sem patentes oficialmente falando se não houvesse um respeito com a "propriedade" do autor depois da primeira apresentação todas as outras casas da região copiariam a peça sem pagar um tostão a ele... ai entramos novamente no terreno da aposta, ele teria escrito tudo que escreveu se não tivesse expectativa de lucrar nada ou muito pouco com isso? E isso em uma época onde demorava um eternidade para informação ir de uma região a outra, e podia ser vendida pelo próprio autor diversas vezes como novidade em regiões diferentes, hoje sem propriedade intelectual um autor de livros para ter alguma expectativa de lucro teria que imprimir e distribuir seus livros praticamente globalmente e simultaneamente sozinho oq é impossível, pois caso levasse a uma editora a mesma poderia simplesmente copiar o conteúdo da historia e publicar sem dar um centavo ao autor, e caso o mesmo fosse para a internet tentar uma publicação sozinho e sem custo de distribuição seria pior ainda, já que bastaria uma pessoa pagar o produto e o mesmo poderia ser copiado sem risco algum para o mundo todo, inclusive pela mesma editora física que ele tentou evitar.
Por causa de situações assim, e do avanço de produtos não palpáveis relacionados a tecnologia que acredito que esse "direito" tenha se tornado necessário como motivação e garantia de criação de novas coisas.