O problema não é "quando começa a vida", porque biologicamente falando, até o óvulo não fecundado ainda é uma forma de vida; mas sim "quando uma forma de vida se torna uma PESSOA", e não existe resposta científica pra isso, porque é um problema mais de caráter filosófico. Ciência descreve estágios da vida humana, mas nao bate o martelo para dizer o que faz uma pessoa ser uma pessoa de fato.
Este é um post tão bem ponderado que quase não há adições a fazer.
Destaquei este trecho para comentar porque tenho percepções diferentes quanto a esse aspecto de "quando uma forma de vida se torna uma PESSOA".
Sabem por que cada um de nós é uma PESSOA?
Porque temos nome, RG, CPF, datilograma [impressão digital] e, principalmente, DNA.
As impressões digitais são únicas em cada indivíduo, sendo distintas inclusive entre gêmeos univitelinos. Tal característica, chamada
unicidade, as faz serem utilizadas como forma de identificação de PESSOAS há séculos.
E vejam que, se for considerar precisão de unicidade, impressões digitais ainda se colocam abaixo do DNA.
Sabem quais são os parâmetros e critérios utilizados para se desvendar um crime, identificar um assassino, pesquisar parentesco, determinar paternidade, definir disputas de herança e muitos etc.? Em última instância, DNA.
Você pode perder todas as suas referências de identidade legais, materiais e civis. Mas sabe como saberão que você é você? Pelo seu DNA.
A combinação de 23 cromossomos do pai + 23 cromossomos da mãe formam uma nova "fita" de DNA absolutamente inédita assim que a fecundação se mostra sucessiva e não falha.
Há uma nova identidade, uma nova PESSOA, única e inviolável, a partir do momento em que sua identidade genética única foi formada, a partir da CONCEPÇÃO.
Não interessa que essa PESSOA não esteja ainda formada, não interessa se está há 2 dias ou 7 meses em gestação. Não importa o quanto neguem e digam que essa vida não é uma pessoa.
Se não fosse uma pessoa não teria pai nem mãe. Se não fosse uma pessoa, sequer se importariam em saber quem o pai. Se não é uma pessoa, pra quê colhem o seu DNA para determinar paternidade ou mesmo árvore genealógica para desvendar crimes e resolver questões de herança?
Por que, enquanto essa pessoa está passando por um estado biológico absolutamente
obrigatório para todos os outros, ela pode ter o seu código genético usado e manipulado para perseguir interesses alheios e não ser considerada uma pessoa? Considere que "Adriano" fez um testamento no qual concede a um possível filho legítimo seu todos os seus bens.
"Adriano" se envolve com "Talita" e depois de um tempo descobre que ela está grávida. "Talita" mantinha a gravidez na esperança de herdar, através do filho, todos os bens de "Adriano". Porém, após um exame de DNA, ele descobre que o filho gestado por "Talita" há 2 meses realmente não é seu e que, portanto, não herdará os bens.
"Talita" então decide abortar o feto, pois ele já "não serve mais" aos seus propósitos e interesses prioritários.
Persiste a indagação: "É justo que, após crescido e adulto, eu possa ter o meu DNA usado e manipulado nas mais diversas situações, inclusive me responsabilizando por paternidade, eventuais crimes, direito à herança e etc.. mas que esse mesmo DNA não possa ser usado e manipulado para me definir como PESSOA justamente quando me encontro imerso em um estado evolutivo embrionário obrigatório totalmente indefeso e incapaz de qualquer ato minimamente criminoso??
Quer dizer, para adultos nascidos e crescidos, o DNA vale, mas para indivíduos que já existem, mas que se encontram ainda em fase embrionária, o DNA só vale para beneficiar terceiros e não a esse indivíduo.
Sempre digo que um requisito indispensável para se opinar sobre essa questão é estar vivo e
obrigatoriamente ter nascido. Assim como apoiar ou se colocar contra o aborto também requer exatamente os mesmos requisitos obrigatórios.
A palavra "indivíduo" tem a mesma raiz de "individual", pois é exatamente isso o que o seu código genético é: algo INDIVIDUAL.
O fato de um indivíduo ainda não ter nascido não quer dizer que ele não exista. Existe e se encontra imerso em um estado evolutivo embrionário obrigatório totalmente indefeso e incapaz de qualquer ato minimamente criminoso, embora mentes menos prodigiosas o comparem diretamente a criminosos adultos e cientes de seus atos, como no "argumento" imbecil que diz:
"ah, mas se vocês defendessem a vida vocês não iriam dizer 'bandido com é bandido morto'. Quando é um feto vocês defendem a vida, mas depois que nasce querem mais é que morra."
Depois que nasce e adquire noção de certo e errado, cada um tem que responder pelos próprios atos proporcionalmente à sua idade e crime. FIM. Qual é a dificuldade?
Na minha opinião, grandes indagações e dúvidas como "quando se inicia a vida" ou "é ou não é uma pessoa" são questões totalmente dispensáveis.
A vida, como tudo no universo, não se inicia na metade, aos "3 meses", aos "5 dias", aos "6 meses" nem nada disso. A vida se inicia no começo, ou seja, na concepção. Toda a sua identidade genética é formada no momento da fecundação sucessiva. Já estava ali a sua cor de pele, tipo de cabelo, possível estatura, timbre de voz... absolutamente uma pessoa, única, inviolável e impossível de ser "copiada", já estava ali.
Não nasci do chão nem fui trazido pela cegonha para negar a outro semelhante o que me foi indispensável e essencial.