Eu gosto da vida que tenho, e embora não curta muito o meu trabalho, um expediente de 8 ás 17hrs é até folgado. Mesmo com alguns trabalhos de fim de semana e casos de passar a semana fora de casa. Mas fico pensando nesse pessoal que tem dois empregos, um emprego sugado ou trabalha e estuda. É quase uma "escravidão moderna", ainda mais considerando que boa parte de nós, talvez a maioria, não sente prazer em trabalhar. Pelo menos na nossa area de atuação.
Eu sempre pensei coisas como: "Trabalho não é lazer. O importante é ganhar dinheiro". E até concordo, mas entendo gente que se submete a maiores riscos, menor salário, só para fazer algo que curta, minimamente. Algo que lhe provoque prazer, considerando que trabalhar consome a maior parte do seu dia.
Tem gente que trabalha pesado de manhã, de tarde, ainda vai estudar na parte da noite, só para dormir 4 a 5 horinhas e repetir a rotina. Chega no fim de semana, tem que estudar ou resolver trabalho pendente. Ocasionalmente, consegue um Domingo pra dar uma saída ou fazer o que gosta, isso quando não tem outras responsabilidades, como casa e familia.
Você torra a maior parte da vida trabalhando, estudando, dormindo. Guiado por um instinto de sobrevivência. Pela esperança de obter coisas melhores. Matérias dificeis, chefes autoritários, prazos retardados, pressões arriscadas. E pra que? Para ter o mínimo: O que comer, ter um mínimo de lazer, que representa, sei lá, 5 a 10% da sua carga diária. Analisando de forma lógica, será que vale a pena? Bem, isso é subjetivo.
Ás vezes me pergunto se a vida é uma dádiva, uma maldição ou nenhuma das duas. Apenas um aspecto natural da existência. Como animais selvagem que nascem com o único propósito de evitarem a inevitável morte. É uma prisão genética, uma limitação eterna que desvaloriza a "vida" em si. Torna cada ato seu inútil, visto que tudo irá ruir, e você não irá mais se lembrar. Então resta buscar prazer, fazer as pessoas ao seu redor felizes e aproveitar o momento. Mas de nada adianta quando o seu "momento" é roubado por trabalho, estudos, responsabilidades. Não muito diferente de um leão que só busca estar vivo. Estar vivo por estar vivo. Ter propósitos que morrerão com a sua morte. Eu me pergunto se viver realmente vale a pena, se você não for um herdeiro rico que tem todo o tempo do mundo para fazer o que quiser. Um universo colossal, tanto a estudar e conhecer, mas as limitações de nossos corpos frágeis e patéticos nos aprisionam. E se não precisassemos comer ou dormir? Quão mais produtivos seriamos? Vagar por conta própria. Talvez o instinto não deva sobrepôr a lógica. Vai saber.