Wayne Gretzky
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Como é ser visto pelo público como um herói na imagem do Capitão Nascimento?O segundo sim, mas o primeiro me pareceu bastante sensato, sem ideologismo.
Wagner Moura - Tem havido uma identificação grande por parte de algumas pessoas com o Capitão Nascimento. Não posso controlar a forma como as pessoas vêem o filme. Tem gente que acha que a solução para a questão da segurança pública é o confronto e a repressão. Eu não concordo com isso. Não tenho esse pensamento de direita. O que existe é uma confusão entre os personagens e os realizadores do filme. Minha intenção nunca foi de fazer apologia à violência nem à repressão. Eu assisto ao filme e acho uma tragédia aquele policial, pai de família, tentando sair dali, lidando com a violência todos os dias, entrando em favela e matando um monte de pessoas, torturando. Eu vejo o filme desse jeito, mas é lícito que outras pessoas vejam de outra forma.
Como você tem recebido essas reações?
Wagner - Comecei a ficar mexido quando começaram a sair artigos na imprensa dizendo que o filme era fascista. Não foi esse o filme que eu fiz. Eu entrei num projeto que pretendia mostrar o olhar do policial, que é importantíssimo. Todos os policiais que conheci durante o treinamento são da maior integridade, mas são pessoas que acreditam que a solução é entrar na favela e deixar corpo no chão. Eu não concordo, acho que a solução para a violência é investimento nas áreas carentes, é diminuir a desigualdade social. Eu acho primário e bobo confundirem a visão do personagem com a minha.
G1 - Isso te incomoda?
Wagner - Sim, isso me incomoda. As pessoas podem ver o personagem como quiserem, mas me incomoda que me identifiquem com essa visão dele. Eu não compactuo com esse ponto de vista, eu não sou o Capitão Nascimento. Quero que isso fique claro, eu não sou o Capitão Nascimento. Essa confusão tem me incomodado sim.