Acho o Renato - ou melhor - a persona que ele criou (Didi) um dos grandes humoristas do país.
Curtia os Trapalhões, ele tinha boas tiradas, ainda que os batutas do humor que levaram aquilo nas costas com muito carisma eram o Mussum e Zacarias.
Essa palhaçada de "Didi não, eu sou o doutor Renato", infelizmente, não é exclusiva do Aragão, meio advocatício, lamentavelmente, possui algumas pessoas assim. Também não adianta pesarmos no argumento que doutor é quem possui doutorado, isso aqui é o Bananil, essa coisa de chamar advogado e médico de doutor virou cultural. O bacharelismo somado ao registro no CRM e OAB, desde os primeiros cursos superiores aqui instaurados, serviram como trampolim duma prática quase que aristocrática, os chamados homens bons, não em sentido de sentimentos e sim de funcionalidade; bons para fazer algo ( Exercer a medicina ou advocacia). Isso ocorre desde os dois períodos do Brasil Império, não mudará em nada, essa prática de tratamento que já se tornou histórica. Inclusive há estudos referente o bacharelismo médico e jurídico como instrumental para respaldar figurismos de poder; a obra Raízes do Brasil (escrita em 1936) por Sérgio Buarque e Sobrados e Mucambos (também de 1936) escrita por Gilberto Freyre analisam essa questão. Ele ser chamado de doutor entre seus pares profissionais é, culturalmente, esperado; pedir para a empregada doméstica ou funcionário de camarim, por exemplo, fazer o mesmo, não é. Isso não é só com o doutor, a patente de coronel do exército brasileiro também entrou no figurismo de poder, não sem motivos, durante muito tempo o "coroné" era recorrente no campesinato Br, pouco importando se o homem era oficial do E.B de verdade ou detinha a patente apenas como estética por tratamento forçado ou registro comprado via articulações com setor público local.
Didi é um dos grandes personagens do humor tupiniquim, mesmo que o Renato enquanto seu criador e intérprete, tenha algumas posturas ruins como pessoa.