No inicio o que existe era uma métrica visível de poder, que obviamente não era consistente com as lutas em si que variaram entre golpes extremamente destrutivos a somente socos e chutes sem impacto nenhum, nós tínhamos por exemplo noção clara que X era mais forte que Y que era mais forte que Z, mas óbvio que algumas questões são completamente arbitrarias, como por exemplo a habilidade deles concentrarem energia, o que faz o argumento do Vegeta de que o Kamehameha é igual ao golpe dele ser completamente maluco, esse conceito foi eventualmente esquecido e até mesmo golpes nomeados só voltam a aparecer na saga do Buu quando são apenas um sátira do gênero com o Gotenks.
Goku e o Piccolo treinando por 3 anos depois da luta deles não tiveram aumento nenhum de poder, mas o Kuririn e os outros treinando por 1 ano se tornaram várias vezes mais poderosos que eles, então essa é outra questão sempre variou bastante de acordo com a vontade do Toriyama, a única diferença do Super é que isso nunca tinha sido atirado dessa forma na cara do leitor, até porque quanto maior foi sendo a escala do poder após a saga do saiyajins, mais difícil fica de explicar esses saltos de poder, é bem óbvio porque o Toriyama abandonou a métrica de nível de poder, depois que você faz um personagem literalmente 100 vezes mais poderoso que outros, você não tem mais como representar isso de forma plausível, ser 100 vezes mais poderoso ou 1 milhão de vezes mais poderoso é praticamente a mesma coisa.
Eu até pergunto que vão fazer nesse novo filme, vão dar uma nova forma para o Gohan para deixar ele no nível do Goku e do Vegeta? Ele só precisava ficar brabo de novo para superar o Instinto Superior e o Ultra Ego?
A conveniência do treinamento sempre existiu mesmo. Todavia, não sei se dá pra dizer que Goku e Piccolo não aumentaram em nada seus poderes do final do torneio para o início do Z. Naquele momento eles pareciam se dedicar a ter golpes novos por falta de opções novas para treinar. Existiam novos tipos de treinamentos para os dois depois de passarem literalmente o nível do deus da terra? Não. Então é aceitável sim.
Todavia, quando os outros Guerreiros Z passam pelo mesmo treinamento que o Goku antes do último torneio e atingem um nível de força muito maior que o próprio Goku na época, temos um problema sério de consistência. Claro que dá pra argumentar que eles fazem o treinamento em um ponto em que eram mais fortes que o Goku ao fazer a mesma coisa, mas mesmo assim é estranho. Entrentanto, acaba funcionando porque Goku está sempre na frente deles e ameniza a situação na cabeça da audiência.
Um exemplo de busca de consistência é o Piccolo. No planeta do Sr. Kaioh ele não precisa fazer nada e a partir daquele ponto os grandes upgrades de poder passam a ser através de fusões.
Toriyama sempre foi bastante inventivo ao inserir novas mecânicas de treinamento. Quando faz os personagens superarem o poder do deus da terra através de elentos como água da vida ou sala do templo, ele imediatamente insere uma nova maneira de abrir níveis de poder como o acesso ao mundo do além e os treinamentos em gravidade maior.
Daí, quando menos se espera, ele insere o conceito de transformação e unifica ele com o conceito de técnicas. Em seguida ele combina mecâncias de treinamento antigas com esse novo conceito, abrindo assim caminho para níveis de transformação (Ultra, SSJ 2 e 3). Nesse momento ele deixa todos os humanos para trás e mantém só o Piccolo com a fusão.
Aí na fase final faz tudo o que você falou e ainda brinca com conceitos de fusão de dois guerreiros poderosos ou absorção de poderes.
Ainda que existam diversos problemas de consistência, como você mesmo citou, é um belíssimo trabalho que funciona maravilhosamente bem para a audiência em termos de narrativa e diversão.