Fórum é cíclico, as mesmas discussões reincarnam ad eternum, em stealth threads ou comentários com roupagens diferentes. Aqui é mais um tópico sobre o papel dos exclusivos na biblioteca dum console. O milésimo.
Que saco!
Uma coisa que é óbvia para qualquer observador atento e experiente do mercado torna-se, enoveladamente, uma crise intelectual sem precedentes.
O pessoal não para pra pensar na troça, e divaga ou arremata, peleando com a lógica, explicações completamente tronchas.
De todos os elementos que supõe-se fazem um videogame vender...
- Preço
- Potência
- Acesso e distribuição (mais importante no passado)
- Biblioteca (e todos os elementos que a fazem abastecida, parcerias, produção first, contato com thirds, second-parties etc)
- Tempo de lançamento em relação aos concorrentes
- Elementos de hardware que atiçam os casuais
- Elementos de software que atiçam os casuais
- Legado do console predecessor da mesma marca
- Particularidades e bairrismos/nacionalismos de mercados específicos
... um dos únicos que são constante agora e além são a biblioteca. Se você puxar os dados históricos, você vai ver que:
1) Os consoles da Nintendo são sempre os mais baratos da geração, e somente em 50% dos casos eles foram os mais vendidos. Calhem em observar que, dos 3 casos em que o console da Nintendo foi o mais vendido, em um a biblioteca foi esmagadoramente melhor que o concorrente (o NES) e em outro ela foi marginalmente melhor ou semelhante (O SNES). No caso em que ela foi marginalmente melhor, o concorrente ficou sozinho no mercado alguns anos e foi posteriormente substituído por um sucessor avacalhado demais.
2) Consoles saíram antes e venderam menos, às vezes muito antes.
3) Consoles saíram depois e foram fracassos retumbantes, às vezes muito depois, ou saíram depois e venderam melhor que concorrentes que saíram antes.
4) Consoles com legados de marca imensos e aparentemente imbatíveis tomaram côro, como Saturn e N64
5) Sabemos que consoles que vivem somente ou muito majoritariamente de exclusivos (N64, Neo Geo, Gamecube, WiiU) falham quase sempre miseravelmente. A ciência observacional sabe, ao contrário da pérola que soltaram no tópico, que console que só tem exclusivo não vende. Vale principalmente para a Nintendo, hipótese que já foi testada e retestada inúmeras vezes. Uma pessoa razoável diria que é porque a biblioteca fica muito escassa, limitada e pouco eclética somente com a produção exclusiva, atendendo por consequência menos gente, o que é bem óbvio (ninguém dá conta de puxar sozinho uma carroça), mas o fanatismo escorre demais e divaga-se com loucuras como preço, potência ou timing de lançamento. N64 vendeu menos por causa do cartucho? Não, vendeu menos porque foi um videogame significativamente pior, porque tinha MUITO menos jogo bom que o concorrente. Tinha menos jogo bom de RPG, de luta, de plataforma (sim, de plataforma), de corrida (sim, de corrida), de esportes, de sinuca, de pesca, de dança, adventures, o escambau. Quem papa mais gente? Tinha menos jogo bom por causa do cartucho? Pode ser e até deve ter sido, mas não importa. O que importa é que tinha um volume de jogo bom bastante menor. Uma biblioteca bem pior, as causas dessa biblioteca pior eu nem vou discutir, que não é o caso.
Me digam aí o que determina uma biblioteca, tirando os multis, além é claro do fato de, por ter base maior, multis venderem mais no console vencedor? Se não os multis quem determinam melhor biblioteca, quem são? Qual é a importância dos exclusivos, meus filhos? Qual? Vomitem o delírio, sentem, pensem e me contem. Qual?
Bem, estamos num ponto do mercado que os dois consoles do rol principal estão na seguinte situação: 2:1 até 3:1 pro console da Sony. Isso hoje, dez de abril, dez dias depois do fool's day. Por que o PS4 mete até 3:1 a depender do mês no XBox One? Por que?
- Porque a Micro errou no começo não deve ser, né gente? Ela já corrigiu, o One é muito mais barato, em geral vem com 3 jogos grátis em bundle e em promoção, tem online melhor, é mais poderoso, tem acesso a games a preço extremamente mais barato. Vamos lá, né, vocês são capazes. Vamos, vocês conseguem!
- Se não é por isso, é por:
A) O PS4 pegou a dianteira e agora ele tá na frente, aí a galera que curte multiplayer é Maria vai com as Outras e acaba pegando o console que a maioria dos amigos já estão jogando, então vira bola de neve e é por isso que ele continua vendendo mais até hoje, mesmo com a Micro tendo corrigido e superado o concorrente nas outras variáveis.
B) O PS4 vende mais simplesmente porque é um videogame de fato significativamente melhor, tem uma biblioteca melhor com um maior número de jogos bons. Os multis o One tem também, não é? Multi. Mul-ti. Olha a palavra. Qual o papel dos exclusivos, sejam first, second ou third party, seus bobinhos?
Se vocês preferem acreditar em argumentos que são derivação da derivação da derivação (opção A), eu não posso fazer nada, o PS4 vai continuar sendo o melhor videogame da geração (melhor videogame porque tem a melhor biblioteca, o resto - acesso, online, gamepass - conta pouco) e por isso o mais vendido, quer vocês divaguem nos argumentos ou não. O que faz essa biblioteca que dá pra verificar que é melhor, fora os multi (que estão nos dois)? O que faz? Que categoria de game sobra aí?
Nesse mercado de videogames (ao contrário do de música ou cinema), o melhor videogame (leia-se, o de melhor biblioteca) quase sempre vence, meus filhos. Resta saber se a biblioteca é melhor porque vende mais no início (porque softhouses são puxadas para o mercado maior) ou se já vende mais de início porque tem promessa ou biblioteca melhor em desenvolvimento. No segundo caso, o que determina essa promessa de biblioteca melhor? Os multis é que não são, né gente. Vamos, vocês conseguem...