Ivo Maropo
Bam-bam-bam
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Mais um tópico com o selo Outer Space "a gente faz (cinicamente) de conta que já não sabia de tudo isso" de qualidade.
Vejamos...
Algumas perguntas básicas:
O branco sofre discriminação cotidiana e generalizada por ser branco? Andar na rua e "apenas ser você" já automaticamente envolve o medo alheio, causa espécie negativa, etc? Quantas vezes você já ouviu comentários depreciativos ou olhares desconfiados sobre a sua brancura?
Se você tiver andando na rua, já tarde da noite, e avistar um negro numa rua deserta, a sua intuição imediata (e não necessariamente a sua posterior racionalização) seria a mesma se avistasse um branco? Caso não, então como ela acontece senão por um "racismo objetivo"? Aquele que se dá instantaneamente, sem a necessidade prévia de racionalizações preconceituosas? Que é imediato?
É aqui, neste fato óbvio e inegável, onde precisa residir o nosso maior enfoque. É simplesmente um fato autoevidente que o negro, ao nascer, tem que enfrentar uma série de pressuposições automáticas depreciativas contra a sua existência. Ele já nasce com esse "contra" generalizado, objetivo e imediato contra si. "Ain, mas o branco também sofre a mesma discriminação!", ai é? E ela é de que tipo? Do tipo: "sinto inveja daquele loiro do olhos azuis!", ou do tipo: "esse deve ser marginal e favelado!"?
Fazendo aqui uma analogia diretamente da escravidão e que poderá facilitar o entendimento, ainda que o "senhor" seja invejado pelo seu "escravo" e este cultive o ódio e o ressentimento por aquele outro, ele (o senhor) ainda está objetivamente na inalienável condição de senhor, e é o escravo quem objetivamente está na condição subtraída de exceção "excrementícia" à ordem estabelecida, à qual reage na condição de um ressentido, de um injustiçado, de um "culpado prévio" excluído do Bem Comum da ordem social vigente - o senhor "objetivamente é", "ele tem" e ele "faz parte-de", já o escravo, não.
Sendo assim, sugerir que ambos negros e brancos são tratados com a mesma espécie cotidiana (ainda que velada, mas por todos muito bem sabida) de preconceito pela sociedade em que vivem é uma bizarra (e cínica) falácia argumentativa. O negro objetivamente representa a universalidade de uma sociedade de classes, aquilo que objetivamente "não-é-e-nem-faz-parte-de".
Ele é existencialmente assim a "figura emblemática" da luta, o "ponto sintomal", o incomodante corpo estranho inassimilável, a exclusão objetivamente "personificada" de um corpo social, o indivisível resto da sociedade contra o qual se é e se tem. Portanto, não, não há qualquer simetria discriminatória entre brancos e negros na sociedade em que vivemos.
Ser negro, por definição, já é nadar contra a maré desde a sua nascença. Não é apenas que ele, como indivíduo numa sociedade civil organizada, tem que, através do próprio esforço individual, provar o seu valor à sociedade - a sua subtração, a sua exclusão e "dívida" já começa antes, na sua própria nascença como negro.
De nada.
Vejamos...
Algumas perguntas básicas:
O branco sofre discriminação cotidiana e generalizada por ser branco? Andar na rua e "apenas ser você" já automaticamente envolve o medo alheio, causa espécie negativa, etc? Quantas vezes você já ouviu comentários depreciativos ou olhares desconfiados sobre a sua brancura?
Se você tiver andando na rua, já tarde da noite, e avistar um negro numa rua deserta, a sua intuição imediata (e não necessariamente a sua posterior racionalização) seria a mesma se avistasse um branco? Caso não, então como ela acontece senão por um "racismo objetivo"? Aquele que se dá instantaneamente, sem a necessidade prévia de racionalizações preconceituosas? Que é imediato?
É aqui, neste fato óbvio e inegável, onde precisa residir o nosso maior enfoque. É simplesmente um fato autoevidente que o negro, ao nascer, tem que enfrentar uma série de pressuposições automáticas depreciativas contra a sua existência. Ele já nasce com esse "contra" generalizado, objetivo e imediato contra si. "Ain, mas o branco também sofre a mesma discriminação!", ai é? E ela é de que tipo? Do tipo: "sinto inveja daquele loiro do olhos azuis!", ou do tipo: "esse deve ser marginal e favelado!"?
Fazendo aqui uma analogia diretamente da escravidão e que poderá facilitar o entendimento, ainda que o "senhor" seja invejado pelo seu "escravo" e este cultive o ódio e o ressentimento por aquele outro, ele (o senhor) ainda está objetivamente na inalienável condição de senhor, e é o escravo quem objetivamente está na condição subtraída de exceção "excrementícia" à ordem estabelecida, à qual reage na condição de um ressentido, de um injustiçado, de um "culpado prévio" excluído do Bem Comum da ordem social vigente - o senhor "objetivamente é", "ele tem" e ele "faz parte-de", já o escravo, não.
Sendo assim, sugerir que ambos negros e brancos são tratados com a mesma espécie cotidiana (ainda que velada, mas por todos muito bem sabida) de preconceito pela sociedade em que vivem é uma bizarra (e cínica) falácia argumentativa. O negro objetivamente representa a universalidade de uma sociedade de classes, aquilo que objetivamente "não-é-e-nem-faz-parte-de".
Ele é existencialmente assim a "figura emblemática" da luta, o "ponto sintomal", o incomodante corpo estranho inassimilável, a exclusão objetivamente "personificada" de um corpo social, o indivisível resto da sociedade contra o qual se é e se tem. Portanto, não, não há qualquer simetria discriminatória entre brancos e negros na sociedade em que vivemos.
Ser negro, por definição, já é nadar contra a maré desde a sua nascença. Não é apenas que ele, como indivíduo numa sociedade civil organizada, tem que, através do próprio esforço individual, provar o seu valor à sociedade - a sua subtração, a sua exclusão e "dívida" já começa antes, na sua própria nascença como negro.
De nada.