Premissas:
1) Todo dano à saúde = custo econômico (não existe oposição saúde vs. economia): mão-de-obra em casa, morta, trazendo gastos ao sistema de saúde, custeando a própria ao invés de gastar em outros setores/atividades. Tudo isso gera impacto negativo na economia diretamente.
2) O VÍRUS JÁ É O CUSTO ECONÔMICO. Como também disse o Meirelles, a recessão não vem por outro motivo, como quebra ou distorção de algum setor, MAS SIM VEM COM O VÍRUS, que tem embutido o custo econômico, já que conforme falado anteriormente, causa danos à saúde, mas também traz INCERTEZA, MEDO, INSEGURANÇA (o que abala mercados e impede investimentos ou qualquer cidadão que deixa de fazer as coisas pelo medo da morte).
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Desdobramentos:
Não há como só dizer "de volta ao trabalho", porque o coronavírus:
a) mata ou adoece, gera danos à saúde, logo custos econômicos;
b) ele gera incerteza, medo e insegurança, também custos econômicos.
- O que se observa por parte do presidente é FALTA DE POSTURA EM SER OBJETIVO E IMPESSOAL para falar de maneira concisa o que se sabe cientificamente sobre o vírus (e não de medicamentos ainda em testes, que são apenas promessas, ou de sua condição pessoal).
- FALTAM TAMBÉM INFORMAÇÕES CLARAS sobre medidas de auxílio para a população, como um pronunciamento objetivo sobre linhas de crédito às empresas, aumento de rede de proteção aos mais pobres, e já que TUDO SE TRATA DE CUSTOS e não se pode sustentar uma quarentena indefinidamente, traçar como a reabertura da economia vai prosseguir, quais as estratégias com os estados mais atingidos, quais setores serão reabertos primeiro, etc. Passar isso ao cidadão é fundamental.
- Por falar em estados, também deixa a desejar o PÉSSIMO ALINHAMENTO DO PRESIDENTE COM INSTITUIÇÕES, AUTORIDADES E ESPECIALISTAS. Indo na contramão de todo o consenso estabelecido até então sobre a política segura no combate ao vírus, inclusive de seu próprio ministério. Ao invés de unir e buscar cooperação, ele pretende cultivar o dissenso e acirrar rivalidades.
O que une e alimenta essas três falhas do presidente é, novamente, um erro no debate público que divide SAÚDE vs. ECONOMIA (já que vimos que é errado, porque TODO DANO À SAÚDE É TAMBÉM CUSTO ECONÔMICO) e principalmente as falas e atitudes do presidente reforçam um cenário de INCERTEZA, INSEGURANÇA e IMPREVISIBILIDADE, o que também como vimos, gera custos econômicos, e se apresenta com o resultado oposto pretendido pelo presidente, o de recuperar a economia.
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