Córsega: anunciada a reconstituição do FLNC, agora contra o terror islâmico e contra Macron
Foto por Geraldo Baldochi via Corse Matin France.
Segundo informações publicadas em 30 de setembro pelo jornal Corse-Matin e por divulgações diversas em redes sociais, um grupo de cinco pessoas, protegidos por outras dezenas escondidas (todos fortemente armados com fuzis), organizou uma conferência de imprensa clandestina, para anunciar a constituição de “uma nova FLNC (Frente de Libertação Nacional da Córsega)”. Para essa “comunicado de imprensa que incluiu uma breve conversa sem direito a questionamentos, foram convidados diversos jornalistas locais e alguns web influencers politicos de confiança do movimento.
A conferência de imprensa ocorreu em Haute-Corse, na região de Caldaniccia. “Era uma reunião limitada a um comunicado de imprensa, restrito a jornalistas e correspondentes considerados imparciais”, disse um membro da AFP e um membro editor do jornal Corse-Matin .
Convidado para o evento noturno, os jornalistas do Diário Regional explicam o acesso a um comunicado de uma página, na qual aparecem proibições e recomendações em nove pontos, a fim de” salvar o povo corso de um desaparecimento programado “.
O Jornal Corse-Matin também publicou um pequeno vídeo no qual cinco indivíduos aparecem mascarados e armados, lado a lado à noite, atrás de uma faixa na qual estão escritas as letras FLNC.
Sobre o FLCN
Pouco conhecido devido à politica francesa de restrições de informações sobre os movimentos separatistas dos anos 70/80, o FLCN é um grupo separatista nacionalista da Córsega, que foi tão atuante quanto seus dois grandes influenciadores da 2a metade do século XX, o IRA da Irlanda do Norte e o ETA do paìs Basco na Espanha, entre outros.
Surgiu inicialmente com grande influência socialista marxista, e, chegou a ser apoiado com armas pelo regime do Coronel Kadafi nos anos 80, mas no decorrer do tempo se transformou em um grupo nacionalista, identitário e com forte influência da extrema direita. Estudos de especialistas anti-terrorismo avaliam que atualmente o grupo possui em torno de 1000 membros considerados ativos e um número pelo menos 50 vezes superior de apoiadores diretos, e ainda, muitas centenas de milhares de simpatizantes dentro e fora da Córsega.
O FLNC assumiu a responsabilidade por aproximadamente 4.500 ataques na França (realizados desde os anos 70), na Itália e na Ilha da Córsega, todos contra prédios governamentais, autoridades militares, policiais e politicas, sem jamais atingir civis, o que lhe valeu uma certo “respeito internacional”.
Entre suas ações mais ousada foram o ataque contra a embaixada o Irã em Paris, contra uma estação de transmissão de televisão “Serra di Pignu 9” e a “Operação Zara” que visou da base aérea da OTAN em Solenzara, assim como ataques contra traficantes internacionais de drogas que tentavam se estabelecer na Córsega e que usavam o nome do FLNC para impor terror e denegrir a imagem do movimento.
A Frente de Libertação Nacional da Córsega (FLNC) anunciou em 2014 que estava depondo suas armas, depois de quatro décadas de luta armada e atentados, porém seu retorno ao ativismo radical demonstra a crise de ineficiência pela qual a Republica Francesa atravessa, com o agravamento de diversos problemas sociais e de segurança pública, principalmente a alta da criminalidade violênta e o terrorismo assimétrico, que muitos alegam serem causados pela imigração islâmica descontrolada.
Em maio desse ano, o movimento anunciou também a sua “desmilitarização” e a preparação para uma militância política pacifica inspirada pelo mesmo processo do IRA da Irlanda do Norte no final dos anos 90. Mas pelo visto, a Frente de Libertação Nacional da Córsega (FLNC) em breve poderá pegar em armas novamente.
O anúncio dessa reconstrução do grupo ocorre em um contexto marcado por vários meses por muitos atos de violência contra políticos na Córsega, onde deputados eleitos e personalidades da sociedade civil denunciaram nos últimos dias o que eles consideram como a “máfia” da ilha e não um movimento político/social.
Nacionalistas corsos ameaçam governo Macron e salafistas Islâmicos
Além dessa mensagem dirigida contra os salafistas islâmicos, o FLNC desafia o governo da França, declarando; “O governo tem uma parte importante da responsabilidade (em caso de criminalidade e ataques terroristas islâmicos) porque eles conhecem tudo sobre todos os terroristas islâmicos salafistas na Córsega” assim como na França e pouco ou nada fazem para prendê-los”.
Depois de consultar o comunicado do FLNC, a Agence France Press revela parte do conteúdo: “De acordo com o compromisso histórico do FLNC, nunca prejudicaremos pessoas, mas apenas propriedades”; diz, por exemplo.
Entre as proibições e recomendações apresentadas, o texto refere-se, por exemplo; “à proibição de não-corsos comprarem terras ou imóveis”. “As propriedades adquiridas durante os últimos dez anos devem ser revendidos” pelo preço original de compra “e apenas os corsos de origem poderão comprá-los para fazer” principalmente “habitação social”, diz também.
A declaração também pede a proibição da criação de qualquer nova cadeia de supermercados, exige que “estrangeiros sejam substituídos por corsos em todos os empregos” e exige educação obrigatória da Córsega durante uma hora por dia, do jardim de infância ao ensino médio.
O grupo também oferece apoio à maioria nacionalista não alinhada politicamente, dominante na ilha, garantindo que seja “coerente”. “Não duvidamos da sinceridade e do compromisso patriótico dos representantes eleitos da maioria territorial”, lê o texto. “Mas lamentamos que eles continuem por um caminho que leva à integração final do povo corso na sociedade francesa”, no entanto, o grupo que pede “luta ideológica” contra todas outras forças políticas.
“Garantiremos, à força, se necessário, que essas proibições e recomendações “sejam aplicadas”, explicam os autores da declaração do FLNC, de que somente essas medidas “podem salvar o povo corso de um desaparecimento planejado”.
No caso de um ataque islâmico, o FLNC ameaça responder “energicamente e sem piedade”
Em 28 de julho o FLNC também efetuou um comunicado ameaçando os “islamistas radicais na Córsega”,afirmando que:
“Qualquer ataque por parte deles provocaria “uma resposta muito ampla e determinada”,…”Sua filosofia medieval não nos assusta. O amálgama existe apenas nas mentes dos fracos e o povo da Córsega é forte em escolhas políticas difíceis, que nunca fizeram abalar como você na barbárie “,… “sabemos que “a vontade da comunidade islâmica salafista é claramente colocar em prática a política do Daesh e estamos preparados”, diz o texto.
E o movimento pela independência adverte:
“Saiba que qualquer ataque contra o nosso povo ou um de nós, daremos uma resposta determinada e sem escrúpulos”. “Se o Estado Islâmico ou outros de seus discípulos efetuarem ações em nosso solo, vamos revidar sem piedade contra os islâmicos”. continua o FLNC.
Criticas duras contra a política externa da França
O aspecto geopolítico não é evitado. Assim, o FLNC ataca duramente a política externa francesa: “Será necessário que a França pare com sua propensão a intervir militarmente e queira dar lições de democracia a toda a terra, se quiser evitar os conflitos que semeia ao redor do mundo e cuide de seu povo antes de tudo “.
Se a ameaça de represália em caso de ataque é clara, o FLNC não quer ceder ao racismo. O movimento pede “vigilância e calma diante da barbárie” e enfatiza que não é “o refúgio dos frustrados de uma luta racial ou xenófoba” pois sabem muito bem “quem é quem” em toda essa história de migração, imigração, refugiados de necessidade e de oportunismo.
Os integrantes do FLNC também se dirigem “aos muçulmanos que habitam na Córsega”. O FLNC os convocam a “tomar uma posição” denunciando o islamismo radical e pedem que apontem “os excessos de jovens ociosos tentados pela radicalização”. O FLNC também os “convida” a não “exibir símbolos religiosos ostensivos” e “pedem” ao Estado que feche os locais de culto muçulmanos que constituem “focos de influência salafista”, para expulsar animadores fundamentalistas desses lugares.
O comunicado na íntegra
Apesar de muitos veículos da grande mídia se recusaram a publicar matérias sobre o fato, alegando que isso pode ser uma apologia para o grupo terrorista, a realidade do acontecido serve para mostrar o complexo estado atual da crise de segurança pública que a França e boa parte da Europa atravessam como resultado das politicas de abrandamento da luta contra o terrorismo islâmico e do descontrole da imigração ilegal de países africanos islâmicos em geral.
Apesar disso, o canal de TV France 3 divulgou o comunicado na íntegra, que pode ser acessado pelo link abaixo:
https://france3-regions.francetvinf..._france3/files/assets/documents/doc280716.pdf
https://www.defesa.tv.br/corsega-an...ora-contra-o-terror-islamico-e-contra-macron/
Lamentável, porém, previsível e compreensível.