São 2, 3 carros de funk na frente dos prédios. Moto para cima e para baixo, os caras fazendo um monte de barulho. Gente no meio da rua que nem procura deixar passar o carro.
E sabe o pior?
Apenas essa parte do seu post que quotei descreve
culturalmente o que grande parte dos jovens das periferias considera como "zerar a vida".
Esse sempre foi o objetivo fim da "filosofia do oprimido". Promover, disseminar e legitimar a ditadura do lumpemproletariado. A vaidade pela transgressão, o orgulho pelo não pertencimento familiar, a falta de cumplicidade com o próximo.
O resultado é o mais absoluto individualismo e indiferença em relação ao outro e à sociedade, justamente pela justificação social ideológica, promovida em massa.
Ao longo da minha adolescência e chegada à vida adulta, assisti o foco de interesse desses jovens migrar vertiginosamente de realizações pessoais baseadas em responsabilidade e trabalho para devaneios hedonistas sem limites.
Possuir, ostentar, transgredir e se exibir o quanto antes é o "diploma da vida" para eles. Tanto que param por aí e vão passar o resto da vida na "gambiarra", tentando alcançar e obter as coisas da forma mais simples possível, de preferência sem trabalho honesto, que é para os "trouxas".
Está no próprio dialeto, canonizado a cada dia. Pessoas decentes vivem de trabalho, de procurar trabalho se for o caso, ou pelo menos se preservam honestas e respeitosas. Pedaços de lixo vivem de "correria", de procurar "correria", e se cumprimentam indagando ao outro "e os corre?" Ao que o outro responde: "Mó fita, tio... mais nem me viu. Tô sussa."
Por isso destaquei ali o advérbio "culturalmente". Tudo isso é cultural, comportamental, provém de uma linha de pensamento estimulada, uma rede ideológica densa e perversa. Claro que irá moldar comportamentos, linguagem, escolhas, aparência e atitude.